Novo bombardeio israelense em Gaza deixou, até o momento, 93 mortos e 40 desaparecidosReprodução/Eyad Baba/AFP
O ataque contra um prédio residencial em Beit Lahia deixou 93 mortos e 40 desaparecidos, disse o porta-voz da agência de Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal.
"A maioria das vítimas eram mulheres e crianças. As pessoas tentaram salvar os feridos, mas não há hospitais ou cuidados médicos adequados", disse Rabi al-Shandagog, uma testemunha de 30 anos que se refugiou em uma escola próxima.
Questionado pela AFP, o Exército israelense afirmou que estava examinando as informações sobre o ataque. Por outro lado, reivindicou ações no setor próximo de Jabaliya que mataram "cerca de 40 terroristas".
Desde 6 de outubro, as tropas israelenses implementam uma nova ofensiva no norte de Gaza, onde garantem que os combatentes do Hamas estão se reagrupando. Sua operação causou o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas e, de acordo com a Defesa Civil, centenas de mortos.
A guerra, iniciada há mais de um ano em Gaza pelo ataque do Hamas contra Israel, foi ampliada em setembro para o Líbano, onde o Exército israelense luta contra o Hezbollah, um aliado do movimento palestino e também apoiado pelo Irã.
Israel enfrenta uma onda de rejeição internacional por sua decisão de proibir as atividades da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA). Também enfrenta pressões crescentes por suas ofensivas no Líbano e em Gaza.
'Momento mais perigoso em décadas'
A guerra em Gaza eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando militantes islamistas mataram 1.206 pessoas no sul de Israel, na sua maioria civis, e sequestraram 251, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses, que inclui os reféns mortos em cativeiro.
Dos 251 sequestrados, 97 continuam cativos em Gaza, incluindo 34 que foram declarados mortos pelo Exército.
Em resposta ao ataque, Israel lançou uma ofensiva no território palestino que já matou mais de 43.000 palestinos, majoritariamente civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
As tropas israelenses e os combatentes libaneses do Hezbollah começaram a trocar disparos na fronteira entre os dois países em 8 de outubro de 2023, o que forçou milhares de moradores dos dois lados a fugir.
Com o objetivo de permitir o retorno dos 60.000 habitantes deslocados do norte do seu território, Israel lançou bombardeios diários sobre o Líbano desde 23 de setembro, acompanhados uma semana depois por uma ofensiva terrestre no sul do país.
Esta ação enfraqueceu a poderosa formação político-militar xiita, que perdeu o seu influente líder, Hassan Nasrallah em 27 de setembro em um bombardeio na periferia sul de Beirute, e o seu provável sucessor, Hashem Safieddine, dias depois.
Novo líder do Hezbollah
A nomeação de Qassem será "temporária" e não vai "durar muito", disse Yoav Gallant, ministro da Defesa de Israel, nesta terça-feira.
Segundo dados oficiais, a ofensiva do último mês deixou mais de 1.700 mortos no Líbano.
O Ministério da Saúde libanês afirmou que cinco pessoas morreram nesta terça-feira em um bombardeio israelense perto de Sidon, no sul.
Além dos bombardeios, a agência estatal de notícias informou que Israel realizou uma incursão de tanques na localidade de Khiam, a 6 quilômetros da fronteira, incomum pela sua profundidade.
A força de paz da ONU no Líbano, Unifil, afirmou que um foguete, provavelmente lançado pelo Hezbollah ou por um grupo aliado, atingiu seu quartel-general em Naqura, no sul, ferindo levemente alguns capacetes azuis.
O território israelense também foi atingido por mísseis lançados a partir do Líbano.
A nível diplomático, Israel enfrenta uma onda de críticas pela aprovação no seu Parlamento de uma lei que proíbe as atividades da UNRWA em seu território e a colaboração com a agência e os seus funcionários.
Várias capitais europeias, a própria ONU e a Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciaram a proibição, à qual os Estados Unidos também se opuseram.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, enviou nesta terça-feira uma carta a Netanyahu "para sublinhar suas preocupações e as questões levantadas em termos de direito internacional", declarou seu porta-voz, Stéphane Dujarric.
A Noruega, por sua vez, pediu à Corte Internacional de Justiça (CIJ), a máxima instância judicial da ONU, que esclarecesse as obrigações de entrega de ajuda humanitária de Israel aos palestinos.
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