Reprodução Facebook / Soprintendenza del Mare
Cargas de naufrágio de quase dois mil anos são encontradas intactas na Itália
Descoberta permitirá estudos mais aprofundados sobre as rotas comerciais antigas e a extração e comercialização do minério alúmen no Mediterrâneo
Aproximadamente 40 ânforas, um tipo de vaso de barro usado na antiguidade, foram encontradas intactas no fundo do mar da província de Siracusa, a cerca de cinco quilômetros da costa da Sicília. A maior parte dos objetos estava perfeitamente alinhada na organização da carga original de um navio antigo, que acredita-se ter por volta de dois mil anos.
Avistadas primeiramente por pescadores em 2022, as ânforas foram encontradas pelos arqueólogos graças a um estudo fotogramétrico 3D, que permite obter informações sobre objetos, estruturas ou espaços a partir de fotografias. A descoberta foi uma parceria entra a Superintendência do Mar da Itália e o Centro de Mergulho Capo Murro.
Os arqueólogos acreditam ainda que o resto do navio, e o restante das cargas, estão enterrados sob a areia no local em que os vasos foram achados, a uma profundidade de 70 metros. A descoberta permitirá uma oportunidade de estudar as antigas rotas comerciais do Mediterrâneo.
As ânforas, do tipo Richborough 527, levam o nome do sítio arqueológico de Richborough em Kent, Inglaterra, onde esse tipo de recipiente de cerâmica foi identificado pela primeira vez. Estes objetos também permitirão um estudo aprofundado sobre a extração e a distribuição de alúmen, mineral valorizado na antiguidade muito usado nos processos de tingimento, desempenhado pela ilha de Lipari.
No início da década de 1990, escavações em Portinenti, em Lipari, também encontraram ânforas do mesmo tipo. Pesquisadores da Superintendência do Mar da Itália abriram uma investigação adicional para confirmar se os vasos encontrados no naufrágio podem ser ligados àqueles encontrados em Lipari, datados entre o final do século I a.C. e o início da era augusta.
"Se esta correlação fosse confirmada, novas informações poderiam ser adquiridas sobre as antigas rotas comerciais através das quais o alume extraído em Lipari era comercializado no antigo Mediterrâneo", afirma a Superintendência do Mar da Itália em um comunicado publicado nas redes sociais.
Pesquisas futuras incluirão análises de restos cerâmicos e estudos de sedimentos, bem como outras técnicas avançadas, como datação por carbono, para obter um contexto mais detalhado da cronologia e origem da carga.
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