CEO da Pfizer, Albert BourlaAFP

Brasília - Não é verdade que Albert Bourla, CEO da Pfizer, enfrenta prisão perpétua ou encara processo em um tribunal holandês por mentir sobre a vacina contra a covid-19, como indica a legenda de uma postagem no X. O texto vem acompanhado de um vídeo com tais acusações, que se baseiam em teorias da conspiração disseminadas desde 2021. O Comprova não encontrou nenhum indício de que o CEO esteja preso ou seja alvo de processos na Holanda. A Pfizer negou que haja qualquer prisão ou processo contra Bourla.
Conteúdo investigado: Vídeo que narra uma "série de mentiras descaradas ditas pelo CEO da Pfizer que serviram para alimentar um dos maiores escândalos na saúde da história recente", conforme descrito na legenda da publicação. Semelhante a um telejornal, o conteúdo é apresentado por um homem que narra as acusações e traz trechos de entrevistas de ex-membros da Pfizer, que criticam a empresa e dizem que Bourla enfrenta um tribunal na Holanda.

Onde foi publicado: X.

Conclusão do Comprova: Albert Bourla, presidente da Pfizer, não enfrenta prisão perpétua nem processos na Holanda por supostamente mentir sobre a vacina contra a covid-19. Conteúdo que diz o contrário traz alegações falsas sobre a liberdade de Bourla e sobre a eficácia do imunizante.

Um vídeo publicado no X descreve inúmeras razões, todas elas envolvendo teorias da conspiração sobre a vacina contra a covid-19, pelas quais o CEO teria sido convidado a defender a si mesmo e a Pfizer em um tribunal holandês. O conteúdo, no entanto, não especifica em qual tribunal da Holanda o suposto processo ocorre.
Já a legenda do post afirma que Bourla "enfrenta prisão perpétua por mentir para bilhões sobre a vacina covid". Conforme apuração do Comprova, não foi encontrada nenhuma notícia ou menção a nenhuma das duas situações. Também não foram encontrados vídeos ou fotos da suposta prisão de Bourla. Pelo contrário, há reportagens que desmentem a suposta prisão do empresário.

A publicação analisada foi feita no X em 31 de outubro. Dois dias antes, Albert Bourla concedeu entrevista ao canal de TV americano CNBC. Ainda no dia 29, o canal no YouTube do site Yahoo Finance também publicou uma entrevista com o CEO. Já em 12 de agosto, o executivo foi o personagem de uma entrevista em formato pingue-pongue, escrita pelo jornalista Matthew Perrone para a Associated Press. Em nenhum desses casos foram mencionados processos contra ele.

A disseminação de informações do tipo sobre Albert Bourla não é novidade. Em 2022, por exemplo, a revista Forbes publicou uma reportagem intitulada "Não, o CEO da Pfizer não foi preso; saiba como surgiu essa teoria da conspiração" com o objetivo de desmentir boatos sobre o executivo. Ao Comprova, a Pfizer disse que as informações citadas no post aqui analisado "não procedem".

A empresa reforçou a segurança da vacina produzida e garante que "não há qualquer alerta de segurança, de modo que o benefício da vacinação permanece se sobrepondo a qualquer risco", em resposta às alegações do post investigado, que põe em xeque a segurança e eficácia do imunizante. Ainda segundo a Pfizer, a vacina já foi distribuída em 183 países, totalizando mais de 4,8 bilhões de doses.

"Em nosso compromisso com a segurança e a eficácia de nossos produtos, realizamos habitualmente o acompanhamento de relatos de potenciais eventos adversos, mantendo as autoridades regulatórias sempre informadas, conforme a regulamentação vigente em cada país", informou a Pfizer, acrescentando "que diferentes agências regulatórias pelo mundo, como FDA, EMA e Anvisa, autorizaram o uso da vacina ComiRNAty contra a COVID-19 da Pfizer/BioNTech".

O vídeo publicado no X também desinforma ao reforçar as desconfianças em torno da vacina ao dizer que Bourla não se imunizou, o que é mentira, conforme mostrou o Comprova em uma verificação de 2021.

Uma das pessoas que aparecem no conteúdo investigado é Mike Yeadon. Ele é ex-vice-presidente da Pfizer e já foi alvo de checagem do Estadão Verifica, em 2020, por compartilhar informações falsas sobre vacinas e pandemia de covid-19. Recentemente, em 2024, alegações dele também foram checadas pelo UOL Confere, que concluiu ser falso que os imunizantes contra a covid-19 tenham sido produzidos com a intenção de "reduzir a população", como disse Yeadon em tom conspiratório.

O Comprova contatou o autor da publicação investigada, contudo não teve retorno até a publicação deste texto.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 12 de novembro de 2024, no X, o conteúdo tinha 212,8 mil visualizações; 5,3 mil curtidas e 1,9 mil compartilhamentos.

Fontes que consultamos: Pfizer e histórico de publicações e entrevistas de Albert Bourla disponíveis na internet.

Quem é Albert Bourla?
Albert Bourla é presidente e diretor executivo da Pfizer. Conforme o site oficial da empresa, ele tem mais de 30 anos na organizaçãoe assumiu o cargo de CEO em janeiro de 2019. Além disso, Bourla é doutor em Medicina Veterinária e possui Ph.D. em Biotecnologia da Reprodução pela Veterinary School of Aristotle University, na Grécia.

Entre outras funções, ele é presidente da International Federation of Pharmaceutical Manufacturers & Associations e da The Pfizer Foundation, e copresidente do Conselho de Administração da Partnership for New York City.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O CEO da Pfizer já foi alvo de outras verificações no Comprova em decorrência de falsas afirmações. Em uma delas, foi mostrado que, ao contrário do que diz um texto disseminado pelo WhatsApp, Bourla não foi condenado. As vacinas também são peças de muita desinformação. O Comprova já mostrou ser falso que pessoas vacinadas tenham o dobro de chance de pegar covid e que é enganoso post de deputado com questionamentos sobre a eficácia dos imunizantes.