Macron chegou à Argentina no sábadoLudovic Marin/AFP
Após uma homenagem simbólica às vítimas da ditadura militar argentina (1976-1983), especialmente as francesas, Macron visitou a Casa Rosada, sede da presidência argentina, onde foi recebido por Milei, que é acusado de revisionismo por seus críticos em relação a este sombrio período da história do país sul-americano.
Macron chegou à Argentina no sábado e ambos os líderes se reencontrarão na cúpula do G20 no Rio de Janeiro, na segunda e terça-feira.
"Vamos falar sobre nossos interesses comerciais, sobre nosso comércio, sobre a defesa da nossa agricultura e dos nossos agricultores", disse o presidente francês no TikTok, a bordo do avião que o levava a Buenos Aires.
Na França, agricultores e políticos temem que um possível tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul aumente a disponibilidade de carne latino-americana na Europa e provoque a concorrência desleal de produtos que não estão sujeitos às rigorosas normas ambientais e sanitárias vigentes na Europa.
Em Buenos Aires e no Rio, Macron se fará porta-voz desse rejeição, embora seja sobretudo aos outros europeus, especialmente Alemanha e Espanha, favoráveis à assinatura do tratado.
Também insistirá que Paris rejeita o texto do acordo e exigirá que sejam incluídas disposições para o respeito às normas de fiscalização, bem como ao Acordo de Paris sobre o clima.
Milei, cético em relação ao aquecimento global, retirou na quarta-feira a delegação de seu país da conferência sobre mudanças climáticas da ONU (COP29) em Baku e especula-se sobre sua possível saída do Acordo Climático de Paris, algo que Trump fez durante seu primeiro mandato (2017-2021).
O Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, espera, portanto, conseguir "conectar o presidente Milei às prioridades do G20".
Paris também pretende aprofundar as relações econômicas com a Argentina, especialmente no setor de metais críticos, já que o grupo minerador Eramet acaba de inaugurar uma mina de lítio no país sul-americano.
Macron também tentará avançar na possível venda dos submarinos franceses Scorpène, embora a Presidência francesa relativize o estado dessas negociações.
'Não os esqueceremos'
"Não os esqueceremos", disse Macron a familiares das vítimas, que conversaram com o presidente, contaram suas histórias e agradeceram por sua visita à igreja.
Em dezembro de 1977, 12 pessoas, incluindo várias fundadoras das Mães da Praça de Maio e as freiras francesas Léonie Duquet e Alice Domon, foram sequestradas, torturadas, assassinadas e jogadas ao mar após se reunirem nesta igreja.
Milei e sua vice-presidente, Victoria Villarruel, defendem a teoria de que aquele episódio da história argentina foi uma guerra na qual ambas as partes tiveram igual responsabilidade e relativizam o número de desaparecidos, que estimam em menos de 9.000, em vez dos 30.000 de consenso até agora, segundo organizações de direitos humanos.
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