O alemão pretende estender aventura por mais dois mesesMartin Bernetti/ AFP
Com sua aventura inusitada, que pretende estender por mais dois meses, este engenheiro aeroespacial de 59 anos busca estabelecer um recorde mundial do Guinness e provar que é possível viver confortavelmente e trabalhar sob o mar.
"Mudar para o oceano é algo que deveríamos fazer. É muito mais tranquilo estar aqui embaixo, não é como a vida na cidade, o que se ouve são as ondas" e o leve "barulho dos peixes", disse Koch em inglês a jornalistas da AFP, durante seu isolamento.
Em 30 m², ele conta com um vaso sanitário portátil, uma cama, uma televisão, um computador, uma bicicleta ergométrica e ventiladores. Também tem acesso à internet via satélite e usa energia solar, embora disponha de um pequeno gerador elétrico. Porém, não tem chuveiro.
"Acordo às seis horas, acompanho as notícias, trabalho um pouco e depois preparo o café da manhã para me ocupar com todas as coisas que surgem no dia a dia", relata Koch.
Sobre uma pequena mesa, está um exemplar de seu livro favorito: "Vinte mil Léguas Submarinas", a obra clássica do escritor francês do século XIX, Júlio Verne.
Admirador do Capitão Nemo, Koch iniciou seu desafio em 26 de setembro e planeja emergir em 24 de janeiro, com o objetivo de superar o recorde como a pessoa que mais tempo passou debaixo d'água sem despressurização. Atualmente, esse título pertence a Joseph Dituri, que permaneceu 100 dias em uma cápsula submersa em um lago da Flórida.
Dois relógios digitais, de um metro cada, marcam os dias, minutos e segundos que ele já completou e os que ainda faltam.
Janelas turquesas
A casa flutuante, localizada em frente à costa de Puerto Lindo, em Portobelo, pode ser acessada após um trajeto de 15 minutos em barco a motor, partindo da marina Linton Bay.
A residência, de formato circular e janelas com vista de 360 graus, está montada sobre uma estrutura cilíndrica. Para entrar, é necessário subir por uma escada suspensa ou usar um elevador.
Uma vez dentro, uma escada em espiral desce pelo cilindro até a cabine submersa de Koch.
"Não é particularmente difícil, não sinto que estou sofrendo aqui embaixo de forma alguma, embora o mais complicado seja, às vezes, a vontade de mergulhar", afirma ele.
Das janelas circulares de sua cápsula, é possível ver peixes de diversos tamanhos. "Você tem uma vista muito diferente", comenta, com o fundo turquesa das águas ao redor.
Koch assegura que o material da cápsula onde vive é amigável ao meio ambiente; as paredes externas são feitas de um material semelhante ao das conchas, que pode servir como habitat para corais e peixes.
"Um bom banho"
Quatro câmeras monitoram Koch para confirmar que ele não abandona sua missão e que tudo está indo bem. Na parte superior da casa, o israelense Eial Berja, especialista em segurança, controla seus movimentos por meio de um monitor.
"Tivemos ventos, ondas e chuvas que deixaram tudo invisível; estamos sozinhos no meio do oceano", conta Berja, mencionando que, dias atrás, uma tempestade quase colocou o plano em risco.
Koch recebe alimentos do exterior e é visitado por um médico e os dois filhos. "Da última vez que verifiquei, ainda estava casado", brinca, referindo-se à próxima visita de sua esposa tailandesa.
"Decidimos buscar o recorde Guinness para poder mostrar ao mundo que é possível inovar e viver debaixo d'água", explica à AFP o canadense Grant Romundt, que fundou com Koch uma empresa que já construiu três casas flutuantes nessa área do Caribe panamenho.
Independentemente de conquistar o Guinness, Koch já sabe o que fará assim que sair de seu isolamento voluntário: "Vou tomar um bom banho, de mais ou menos uma hora".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.