Gangues funcionavam como um "Estado paralelo", operando em 90% do territórioReprodução
"São aproximadamente oito mil membros (de gangues) que temos pendentes de capturar", disse o ministro da Justiça e Segurança, Gustavo Villatoro, durante um encontro com correspondentes da imprensa internacional, no qual também participaram o procurador-geral, Rodolfo Delgado, e o ministro da Defesa, René Francis Merino.
Em resposta a uma escalada de homicídios, o presidente Nayib Bukele declarou, em março de 2022, uma "guerra" às gangues, que já resultou em mais de 83 mil detidos até o momento.
A maioria dos membros de gangues, conhecidos como “pandilleros”, em liberdade está na categoria "homeboy" (integrantes que não se afastam das quadrilhas), por isso as autoridades realizam uma "varredura" em nível nacional e coordenam ações com os países vizinhos, México e Estados Unidos, para localizá-los e detê-los, indicou Villatoro.
As gangues funcionavam como um "Estado paralelo", operando em 90% do território e arrecadando cerca de doi bilhões de dólares (R$ 12,1 bilhões) ao ano por meio de extorsões e outras ações, explicou Villatoro.
A violência das gangues causou cerca de 125 mil mortes nas últimas três décadas, segundo dados oficiais.
No domingo, o presidente Bukele anunciou que poderia "relaxar" em breve as medidas de segurança, que incluem patrulhamento militar nas ruas e prisões sem ordem judicial.
Neste sentido, Villatoro disse que as autoridades "analisam" a forma de relaxar o regime de exceção de modo que fiquem "unicamente" as ferramentas que as instituições precisam para continuar sua luta.
Bukele destacou que El Salvador passou de ser o país sem guerra mais violento do mundo, com uma taxa de 105 homicídios por 100 mil habitantes em 2015, para ser um dos "mais seguros". Em 2024, o país soma 103 homicídios e o governo projeta fechar o ano com 1,8 homicídio por 100 mil habitantes.
No entanto, a Anistia Internacional (AI), o Human Rights Watch (HRW) e outras ONGs locais denunciam "prisões indiscriminadas" e mais de 300 mortes sob custódia estatal com o regime de exceção.
Delgado esclareceu que uma "unidade especializada investiga todo tipo de morte nos presídios" e garantiu que, se houver "ação criminosa" por parte dos internos ou funcionários, tais delitos serão divulgados.
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