Emmanuel Macron Ludovic Marin / AFP
Macron quer nomear novo primeiro-ministro da França 'em 48 horas'
Presidente de centro-direita reuniu no Palácio do Eliseu os líderes dos partidos políticos
O presidente da França, Emmanuel Macron, indicou nesta terça-feira (10), durante uma reunião com lideranças partidárias, que quer nomear um novo primeiro-ministro "em 48 horas", em meio a uma crise política no país, informaram à AFP participantes do encontro.
O presidente de centro-direita reuniu no Palácio do Eliseu, sede da presidência, em Paris, os líderes dos partidos políticos, exceto da esquerda radical e da extrema direita, para tentar formar um "governo de interesse geral".
Macron busca uma maneira de tirar a França da crise política na qual se encontra desde junho, quando convocou inesperadamente eleições legislativas antecipadas após a vitória da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu em seu país.
O adiantamento do pleito resultou em uma Assembleia Nacional (câmara baixa) sem maiorias claras e dividida em três blocos: esquerda, centro-direita e extrema direita. O presidente não pode dissolvê-la novamente até julho.
Como reflexo dessa divisão, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e os deputados da extrema direita derrubaram na quarta-feira o primeiro-ministro Michel Barnier, que governava junto à aliança de Macron e ao seu partido, Os Republicanos (LR, direita).
Mas a pressão aumentou desde então, especialmente porque a França, que tem altos níveis de déficit e dívida pública na zona do euro, não tem orçamento para 2025, já que Barnier caiu ao tentar aprovar seu projeto para sanear as contas.
Socialistas, ecologistas e comunistas, aliados do partido A França Insubmissa (LFI, esquerda radical) na NFP, decidiram participar do encontro, mas os dois primeiros já avisaram que as negociações em busca de um governo estável devem continuar sem Macron.
O presidente, a quem cabe nomear o primeiro-ministro, "já não está em condições de ser o árbitro", afirmou o líder dos socialistas, Olivier Faure. Em setembro, Macron nomeou Barnier em nome da "estabilidade", apesar de a NFP ter vencido as eleições.
Um acordo, entretanto, não parece fácil de ser alcançado. Os socialistas pediram que o próximo primeiro-ministro seja "de esquerda", enquanto a líder ecologista, Marine Tondelier, advertiu que não fariam parte de um governo junto ao LR.
Ao final das mais de duas horas de reunião, o presidente do LR, Laurent Wauquiez, disse esperar um "acordo", mas descartou qualquer "contrato de governo entre pessoas que não compartilham da mesma visão" sobre a França.
Os socialistas sugeriram, por sua vez, que o governo renuncie a adotar leis por decreto — como tentou Barnier antes de cair — e que, em troca, as oposições renunciem "a uma espécie de censura". "As coisas avançaram", estimou Faure.
Enquanto aguardam que um novo governo possa aprovar um orçamento para 2025, o atual Executivo interino apresentará na quarta-feira uma "lei especial" para poder cobrar os impostos no próximo ano.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.