Nova proposta diz que a energia nuclear deve responder por 20% do fornecimento de energia do Japão em 2040Reprodução
A demanda por energia de baixo carbono, como a renovável e a nuclear, está crescendo devido à demanda dos centros de dados que usam inteligência artificial e de fábricas de semicondutores em todo o país.
No fim de dezembro, um painel de especialistas comissionado pelo governo japonês apoiou amplamente a nova política de energia do país para os próximos anos, que exige o reforço das fontes renováveis até a metade das necessidades de eletricidade até 2040, maximizando o uso da energia nuclear.
O Ministério da Indústria apresentou minuta do plano para revisão final pelo painel de 16 membros, em sua maioria pró-nucleares, de empresas, acadêmicos e grupos civis. O texto prega a maximização do uso da energia nuclear, revertendo uma política de eliminação gradual adotada após a crise de derretimento na usina de Fukushima, que levou a um grande deslocamento de residentes e a um sentimento antinuclear persistente entre os japoneses.
O plano deve receber a aprovação do Executivo em março, após um período de consulta, e substituirá a atual política energética, que data de 2021.
Segurança energética
O ministro da Indústria, Yoji Muto, que participou da reunião do painel, disse que o Japão deve fortalecer sua segurança energética, sem depender muito de uma única fonte de geração.
"Como podemos garantir, a energia descarbonizada determina o crescimento futuro do Japão", disse Muto. "É hora de parar de discutir entre energia renovável e energia nuclear. Devemos maximizar o uso de energias renováveis e nuclear", completou ele
O Japão estabeleceu a meta de atingir zero emissões líquidas de gases que causam o aquecimento climático até 2050 e uma redução de 73% até 2040, em comparação com os níveis de 2013.
A minuta do plano de energia coloca as energias renováveis como a principal modalidade e pede o desenvolvimento de fontes de energia de última geração, como baterias solares e painéis solares portáteis.
O texto descreve vários cenários de risco, incluindo a possibilidade de investimento menor do que o esperado e aumento de custos em energias renováveis. No entanto, alguns especialistas disseram que o plano não apresenta uma perspectiva de viabilidade para 2040 ou um roteiro para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.
O plano também exige a aceleração da retomada dos reatores que atendem aos padrões de segurança pós-Fukushima e propõe a construção de equipamentos com novas tecnologias - em usinas onde os reatores existentes estão sendo desativados.
Ainda assim, para atingir a meta de 20% todos os 33 reatores viáveis no Japão teriam de ser reativados, sendo que apenas 14 voltaram a operar após o desastre de Fukushima. Considerando o ritmo atual das verificações de segurança realizadas pela autoridade de regulamentação nuclear, os especialistas afirmam que seria difícil atingir a meta.
Apesar das críticas e do ceticismo em relação à sua viabilidade, o Japão ainda mantém sua busca pelo desenvolvimento de reatores avançados e um programa de reprocessamento de combustível para alcançar um ciclo completo de combustível nuclear.
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