A artista, Karin Cagy, elege um olhar solidário à uma mulher no seu entorno próximo.Divulgação
Oriunda de uma família de mulheres fortes, sua mostra é fruto da virada existencial e profissional que se confirmou no período sabático durante a pandemia, quando ela assumiu sua persona artística cultivada desde a juventude. Como grande diferencial de sua investigação temática, suas personagens são mulheres na faixa a partir dos 60/70 anos, quase sempre apresentadas em protagonismos inesperados.
Em seu universo pictórico, as figuras escolhidas pela artista se mostram donas de seus percursos e escolhas, contrariando estereótipos e restrições naturalizadas pela sociedade ocidental, que, apesar de se mostrar cada vez mais aberta ao enfrentamento do ageísmo, ainda mantém o culto à juventude como seu maior ativo econômico e simbólico. A exposição vai até o dia 30 de abril e reúne cerca de 20 obras em médios formatos, utilizando técnicas de tinta a óleo e acrílica, numa paleta “cupcake”, cores dóceis que contrastam com a atitude de suas personagens.
Karin Cagy, elege um olhar solidário à uma mulher no seu entorno próximo - família, amigas e pessoas do universo profissional como designer e criadora de moda, onde atuou por 3 décadas, e onde estes aspectos são tratados com a crueza e dramaticidade de uma cultura ao corpo inóspita e impositiva, e que, mesmo não sendo seu lugar de fala presente, se coloca em seu horizonte de forma latente, em angústias e expectativas de seu lugar no mundo, que ela transforma em poesia libertadora ao criar Senhorinhas livres e donas de seus destinos.
Sobre a trajetória de Karin Cagy
Nascida em São Paulo, tem o desenho presente em sua vida desde os 5 anos. Cursou Modelo Vivo no Parque Lage com Astréa El Jaick e Gianguido Bonfante e, posteriormente, Desenho Industrial na Faculdade da Cidade e Moda na Universidade Candido Mendes. Com ampla experiência na indústria da moda, onde trabalhou por mais de duas décadas, manteve um ateliê de vestidos de festa, à frente de uma grande equipe. Neste período onde desenhava os modelos, gerenciava o processo e fazia todo o tipo de bordados à mão, em peças exclusivas e únicas, sua dinâmica na arte ficou como base de seu trabalho na moda. Mas em 2018, Karin realinhou sua investigação artística e voltou à Escola de Artes Visuais do Parque Lage, tendo como professores Luiz Ernesto, Bruno Miguel e Charles Watson, retornando a pintura de forma visceral e importante.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.