As apresentações, são: sexta (3), e sábado (4), às 20h, e domingo (5), às 19h, com ingressos a partir de R$ 3,00. Divulgação - Foto: Renato Mongolin

O espetáculo “Quilombo” coloca em cena a resistência de cada jovem preto periférico através da dança e da arte contemporânea. Dirigido pelo coreógrafo Vinícius Rodrigues, a performance resgata a ancestralidade, mas também traz a cultura da periferia atual. As últimas apresentações desta temporada de estreia vão ser realizadas no Teatro UFF em Niterói, com três apresentações: sexta (3), e sábado (4), às 20h, e domingo (5), às 19h, com ingressos a partir de R$3,00.



Durante o período colonial, os quilombos eram aldeias organizadas politicamente que refugiavam os escravos fugitivos, tornando-se um local de resistência e combate à escravidão. O tempo passou, mas como ressalta Vinícius “O quilombo nao morreu, ele ainda existe em cada favela do Brasil”. E é neste quilombo sobre o palco que o elenco procura a força para lutar por igualdade e sobrevivência.



Bailarino e ator, Vinícius Rodrigues, o diretor do espetáculo, conheceu a dança quando tinha dez anos de idade, misturando passinho e danças urbanas. “Aos vinte e um anos eu comecei a dança afro e foi a partir daí que eu comecei a pesquisar sobre ancestralidade e a entender mais profundamente as minhas raízes. Fiquei muito encantado e fui em busca de outras referências afro, o que me tornou uma pessoa preta mais consciente no mundo em que vivemos”, ele conta, o que o impulsionou a tornar todas essas questões tão pertinentes em sua vida em arte.



Tendo como público alvo pessoas de bairros periféricos que não possuem acesso a dança contemporânea e também ao publico geral, Vinícius diz: “Eles podem esperar tudo, a peça fala sobre ancestralidade, fala sobre temas atuais que vem acontecendo, além de tudo é uma peça que também educa, com o propósito de fazer o público pensar.”



Idealizado pela Cia Afro Black, também fundado por Vinicius Rodrigues em 2017, surgiu a partir da necessidade de atender a demanda crescente de jovens dançarinos moradores da região da Penha, situada no subúrbio do Rio de Janeiro, por espaços em que conseguissem desenvolver a sua arte.
O objetivo da cia e ativar a memoria acionada através da dança, com uma pesquisa sobre gestos, gostos, sonoridades e principalmente vivencias individuais e coletivas dos jovens negros e periféricos. A companhia realiza a fusão do funk, do passinho, da dança contemporânea e das danças afros, como o Afro House. As composições coreográficas tem como ponto de partida o cotidiano do jovem preto periférico e suas ancestralidades.



“A cia era composta por duas pessoas, logo após fui entendendo a proposta de ter mais pessoas dentro, não só apenas para dar mais oportunidades, mas para que cada um pudesse conquistar o seu lugar de protagonismo no palco”, o diretor ressalta e completa: “O espetáculo tem um ano que foi desenvolvido. Inicialmente, a peça tinha trinta e três minutos, mas então tivemos uma demanda para aumentá-la em menos de um mês. Sendo assim, junto com uma dramaturga, desenvolvemos ideias para crescer a peça. Em cinco dias felizmente conseguimos chegar a uma hora de espetáculo”, disse Rodrigues.



Com mais tempo no palco, o elenco inteiro, que conta com nove bailarinos, terá a oportunidade de se destacar e dar o melhor de si. Esse espetáculo, além de ser sinônimo de resistência, também é um protesto contra a sociedade que insiste em discriminar e invisibilizar corpos pretos e periféricos. Sobre o palco, esses artistas se vêem finalmente livres para se expressar. O palco se torna por fim um lugar de refúgio, assim como o quilombo.



Este projeto conta com incentivo do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.