André Esteves, diretor executivo do Instituto Onda AzulDivulgação

No final deste ano li dois livros sobre felicidade. O primeiro, “Você aguenta ser feliz?”, uma parceria do grande publicitário Nizan Guanaes e o renomado psiquiatra Arthur Guerra. O título sugestivo me fez desviar do caminho, entrar num shopping e comprar o livro. Vinha no carro ouvindo uma entrevista deles e fiquei muito impressionado com o que ouvi. O título caiu como um golpe, que acusei imediatamente. Precisava refletir sobre esse tema. Entender melhor os caminhos para a felicidade tão desejada por todos.
É claro que não existe uma receita para a felicidade. E, na verdade, fazemos uma confusão muito grande com coisas que são muito diferentes, embora complementares: alegria, prazer, felicidade e satisfação. Ana Beatriz Barbosa Silva, psiquiatra com mais de 2,5 milhões de livros vendidos, autora de “Felicidade”, que terminei de ler essa semana, faz a perfeita distinção entre elas: alegria pode ser definida como uma emoção positiva temporária capaz de produzir uma sensação agradável para si e para seu entorno; o prazer é uma intensa e imediata percepção ligada à realização de um desejo; a satisfação é um sentimento que experimentamos ao realizar algo de maneira adequada; e felicidade tem a ver com nossos dons e talentos, aquilo que nos ajuda a dar sentido à vida, que soma aos que estão próximos de nós.  Ela afirma que a felicidade é uma palavra que deve ser vista como um verbo, uma ação: permanente, cotidiana e consistente.
A ditadura da felicidade, imposta pelas redes sociais, onde todos são felizes o tempo todo não corresponde a realidade que vivemos. Por outro lado, os indicadores da epidemia das doenças mentais e dos distúrbios de personalidade e ansiedade revelam números crescentes e alarmantes, com tendência muito agravada para o futuro. Parte, pela falta de estrutura de atendimento e a ausência de políticas públicas adequadas para o enfretamento desta situação, outra parte pelo desconhecimento na identificação dos sintomas relevantes para a prevenção desses transtornos no momento inicial. Por fim, pela negação que temos em aceitar que precisamos de ajuda e tratamento.
O que pode fazer alguém tão bem-sucedido como Nizan Guanaes não ser feliz? Costumamos associar, indevidamente, sucesso profissional e financeiro como sinônimos de felicidade. Por outro lado, temos a tendência a generalizar que uma pessoa não realizada em suas atividades possa ser feliz. Parece estranho né?, e é mesmo.
A relação entre sucesso e felicidade não é uma questão de causa e efeito, necessariamente. Precisamos identificar o que nos faz feliz e correr atras disso, com resiliência e responsabilidade. A felicidade é uma construção e um desafio. Com certeza, você conhece muita gente que tem tudo para ser feliz e não é. O contrário também. Por quê? Essa é a pergunta de milhões.
No final de mais um ano, quando paramos para refletir sobre nossas realizações e as projeções para o ano futuro, é importante perceber as situações por que você passou e identificar o que elas representaram para você. Que sinal ou mensagem traziam contidas? Em que momentos ao longo desses 365 dias de 2022 você foi feliz? E aqueles em que você poderia ter sido e não foi? A felicidade é imprescindível.
Vivemos projetando a felicidade para o futuro. Sempre um novo desafio, uma nova meta. Tantas vezes esquecemos que a maior felicidade é viver o aqui e o agora. Pense nisso! Meu desejo é que você seja feliz hoje, amanhã e sempre. Feliz 2023!
*André Esteves, diretor executivo do Instituto Onda Azul.