Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação

Na nossa tradição republicana, a Chefia da Casa Civil sempre foi de importância para a boa execução das políticas e governança, articulação entre ministérios e cobrança de resultados. Também pelas qualidades solicitadas para a função; a habilidade e inteligência emocional são necessárias, além de ampla experiência de administração e política.
Os militares em seus cinco governos foram sábios. Tiveram no cargo nomes de alto nível, experiência, reconhecimento e respeito. Castelo Branco começou logo com o senador Luiz Vianna Filho, respeitadíssimo, um intelectual, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Costa e Silva, o notável político mineiro Rondon Pacheco, que veio a ser grande governador de Minas e já tinha boa presença no Congresso Nacional.
Com Médici, o jurista Leitão de Abreu, que voltou ao cargo com João Figueiredo. Lugar-chave, que dá o tom do governo. Sarney teve dois craques em José Hugo Castelo Branco e Marco Maciel. O presidente Bolsonaro só acertou no final com um político experiente como o senador Ciro Nogueira. Pena que não ouvia as ponderações dele e de ninguém. Está pagando por isso.
Nos estados também o cargo de confiança precisa ser exercido por pessoas qualificadas, de consciência de suas responsabilidades. O governador do Rio tem, na Casa Civil e na Secretaria do Governador, uma espécie de divisão de funções, um executivo como Nicola Miccione e um hábil servidor público como Rodrigo Abel.
Tarcisio de Freitas coloca Kassab, que foi prefeito da capital, ministro de Estado e presidente de partido.
Constata-se que faltou a Bolsonaro assessoria no Palácio. Não o ajudaram em nada. Foram omissos, não alertaram que o temperamento estava construindo uma derrota eleitoral que penalizou todo o país. Não tinha assessoria, tinha uma claque , teria exclamado um arguto militar. Bolsonaro deixa um legado de como não se deve fazer política ou como perder eleição fazendo um bom governo. O Mito de pés de barro nem
teve assessor de imprensa. Inacreditável o que aconteceu com o Brasil.
Lula terá de temperar os conselhos de seu chefe da Casa Civil com outros assessores, pois o momento pedirá sempre decisões consensuais. Arroubos poderão custar caro. Basta observar o que levou Bolsonaro ao mais rápido ostracismo nacional na Republica. Nos estados são muitos os exemplos. Vamos ver agora como vai se sair a nova equipe!
Aristóteles Drummond é jornalista