Marcos Espíndola - advogado criminalistaDivulgação

A violência na política sempre existiu, com episódios de assassinatos de parlamentares em várias regiões do país, como o do prefeito Celso Daniel e da vereadora Marielle Franco, a facada no presidente Bolsonaro na campanha de 2018, entre outros. No entanto, nos últimos anos essa violência vem crescendo junto aos cidadãos que não têm envolvimento direto com a política partidária. E, despertando comportamentos desproporcionais ao debate de ideias que se espera. Algo que precisa ser contido o quanto antes.

Aqui no Rio, levantamento do Observatório de Favelas mostrou que, enquanto a frequência de assassinatos de 2015 a 2020 era de uma execução política a cada 50 dias, no período de janeiro de 2021 a junho de 2022, houve um assassinato político na Baixada Fluminense a cada 45 dias. Relatório da Missão de Observação Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) indica que houve um aumento dos delitos violentos contra candidatos e pré-candidatos nas eleições 2020, com 99 casos de tentativa ou de homicídios consumados registrados, além de 263 de ameaças e danos físicos. Outro estudo, este da UniRio, indicou que os casos de violência política cresceram 335% no Brasil de janeiro de 2019 até junho deste ano.

É notório o aumento do discurso agressivo de um modo geral, seja nas campanhas eleitorais, seja no dia a dia de todos nós, com violência física e digital, notícias falsas, incitação de ódio e até ataques às instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e a imprensa.

Recentemente, um empresário foi preso depois de colocar uma bomba em Brasília. Segundo ele, o objetivo era instaurar o caos. Com a proximidade da posse do novo presidente, isso é mais do que preocupante, pois qualquer atentado nessa direção será uma afronta à liberdade de expressão exercida pelo povo na escolha de seus líderes. O episódio da facada deve nos servir de lição e alerta.

Vale ressaltar que a violência política pode ocorrer de forma aberta ou velada, sendo utilizada para deslegitimar, causar danos, obter e manter benefícios e vantagens ou violar direitos com fins políticos, afetando, assim, a própria democracia.

Após esses anos de pandemia, com tanta tensão e mortes tudo o que não precisamos é de fomentarmos a violência. É chegada a hora de acalmar os ânimos e propagarmos a pacificação. Chega de violência na política, chega de violência como um todo. E que 2023 nos traga tempos de paz.
Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública