Paulo Baía é sociólogo, cientista político e professorDivulgação

No último domingo, dia 1 de janeiro de 2023, em Brasília aconteceu uma "catarse coletiva", expandida para todo território nacional via televisões, redes sociais e smartphones. A posse do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi uma legítima catarse, com indícios e sinais de reconstrução nacional.
As expectativas para os próximos 180 dias iniciais de governo são imensas, para o bem e para o mal, para o conjunto dos mais de 230 milhões de brasileiras e brasileiros.
Um país rigorosamente cindido ao meio tem gente que torce pela efetiva pacificação e uma autópsia institucional minuciosa e corretiva, mas também tem muita gente que torce e espera que o terceiro governo de Lula seja um verdadeiro caos.
O Brasil de 2023 é um país muito diferente do que Lula da Silva deixou em 2010, após os dois governos que presidiu com muito sucesso. O Lula da Silva que chega à Presidência da República em 2023 também não é o mesmo Lula da Silva de 2003.
Os tempos histórico, psicológico, sociológico e tecnológico são outros. Lula, o seu vice-presidente Geraldo Alckmin e os demais 36 ministros e ministras de Estado sabem muito bem disso.
Reconstruções são sempre mais complexas que construções, pois implicam em desfazimentos e desregulamentações de situações de impacto imediato.
Torço pela capacidade democrática do novo governo empossado, torço para que nos 180 dias iniciais, 100% da população brasileira esteja engajada, se beneficiando das ações políticas, públicas, técnicas e administrativas do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sabendo que, da totalidade de nossa gente, mesmo com benefícios diretos das políticas públicas, 25% estarão na oposição.
Espero realmente que não seja uma oposição de ódio e terrorismos no cotidiano das instituições nacionais. Aleluia, Lula.
Paulo Baía é sociólogo, cientista político e professor da UFRJ