Sergio Fernandes é deputado estadual pelo PSD e morador de PetrópolisDivulgação

Estamos perto de aniversários tristes para Petrópolis. Serão 35 anos da tragédia de 1988, quando 134 pessoas morreram em decorrência de deslizamentos e enchentes e 12 anos da catástrofe de 2011, que tirou a vida de cerca de 900 moradores de toda Região Serrana. A mais recente na nossa memória completa um ano em 15 de fevereiro, dia em que o mar de lama desceu o Morro da Oficina e que ficamos paralisados ao ver imagens de ônibus serem arrastados para o canal do Rio Quitandinha.

Inundações e deslizamentos passaram a ser frequentes e se intensificaram em várias cidades do país. Em Petrópolis, no entanto, essa recorrência mostra que não podemos mais considerar tais casos como desastres naturais. A cada ano, vários pontos da cidade são destruídos, enterramos as vítimas fatais e reiniciamos o ciclo de reconstrução.

Mas de nada adianta reerguer o que foi esfacelado se não houver um planejamento urbano consistente para evitar, ou ao menos amenizar, as futuras intempéries que vão ocorrer. E não é ser pessimista, é olhar para a realidade das condições geográficas de uma cidade serrana, com população ocupando as encostas íngremes e margens dos rios.

Há deslizamentos que podem ser evitados por obras de engenharia. Drenagem, terraplenagem e contenção de encostas são medidas estruturais imediatas que devem ser feitas, bem como a construção de barragens e o desassoreamento dos leitos dos rios.

Precisamos debater a ocupação irregular e o crescimento desordenado da cidade. Falta fiscalização do Poder Público para combater as construções em encostas, que removem a vegetação e agravam o risco. Falta mais ainda a aplicação de políticas púbicas, a implementação de programas de moradias seguras e o combate às desigualdades. Não se pode culpar a população pobre por suas tragédias.

Não esqueçamos das ações menos complexas, porém efetivas, como a implantação de sistemas eficientes de coleta de lixo, de distribuição de lixeiras pela cidade, com coleta seletiva e, principalmente, o desentupimento de bueiros.

Por fim, lembramos que, em conjunto com as medidas acima sugeridas, é muito importante a realização das obras de intervenção profunda no túnel extravasor, que seria capaz de diminuir a chance de alagamentos no entorno do bairro e também no Centro Histórico da Cidade Imperial.

Esperamos que os órgãos responsáveis não se façam presentes apenas quando o perigo se transforma em catástrofe. Que todos nós possamos cobrar e fiscalizar a correta aplicação de recursos em estudos, monitoramento, gerenciamento de riscos e obras de prevenção.
Petrópolis não quer apenas reconstrução, porque isso significa que as águas e terras já levaram vidas. Que possamos nos empenhar em construir.
Sergio Fernandes é deputado estadual pelo PSD e morador de Petrópolis