Gilberto Braga - Opinião - O Dia Reprodução de internet
A questão não é apenas no campo da Economia, mas da governabilidade como um todo, como várias peças que juntas, formam uma engrenagem pesada para funcionar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, emplacou um discurso articulado, que soou como música nos ouvidos dos investidores e das empresas, defendendo a responsabilidade fiscal e a definição de uma nova âncora. Haddad, no entanto, declarou que a desoneração fiscal dos preços dos combustíveis não seria renovada e saiu derrotado pela ala política do governo, que manteve os incentivos em seu primeiro teste de poder político.
Esse episódio mostra o quão difícil será conciliar objetivos políticos e sociais, com uma condução cartesiana da política econômica brasileira. Nesse cabo de guerra, ainda é preciso lembrar que o país saiu dividido das urnas, sendo necessário governar para todos, unindo as diferentes forças políticas e desarmando espíritos golpistas e revanchistas de todas as tendências.
Soa como repetição, mas não se pode esquecer que a conciliação e o equilíbrio são necessários ao ambiente democrático, para que a vida do cidadão comum possa seguir seu rumo e melhorar, e, para que as atividades econômicas possam se desenvolver com tranquilidade e segurança jurídica.
Os investidores estrangeiros, indispensáveis para alavancar novos negócios no país, olham com desconfiança para o significado dos ataques aos palácios de Brasília. Por isso, para a Economia, foi importante a pronta reação do governo e do Judiciário, tomando medidas efetivas e duras, buscando o restabelecimento da ordem e a identificação e indiciamento dos participantes dos ataques.
O comportamento dos mercados, com pouca influência na cotação das ações das empresas na bolsa de valores e do dólar, sugere que os analistas enxergaram que o pior já passou, que será improvável outra manifestação desse quilate e que, com sequelas, o Brasil e a democracia sairão fortalecidos.
Nesse cenário, o ano de 2023 começou para valer antes do Carnaval, sendo que os economistas, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central, projetam uma inflação de 5,36% no acumulado do IPCA em dezembro; taxa de juros básica, a Selic, mantida no primeiro semestre em 13,75% ao ano, mas fechando dezembro em 12,75%; PIB de 0,78% e cotação do dólar em 31 de dezembro em R$ 5,28.
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