Antonio Florencio de Queiroz Junior, presidente da Fecomercio RJDivulgação
É um ponto importante para reflexão sobre as ferramentas disponíveis, e cada vez mais atraentes, para a educação virtual. Além do potencial inclusivo, esse método tem se provado uma alternativa de ensino para quem busca se qualificar para o mercado de trabalho, inclusive como empreendedor.
De todas as vantagens, há uma que me parece a mais relevante - e revolucionária. A capacidade de escala e, portanto, de benefício a uma grande massa de interessados. Mas há desafios para que o ensino virtual seja uma alternativa consistente para o salto que o Brasil precisa experimentar na qualificação da mão-de-obra. Vivemos uma contradição: há vagas sobrando, para qualificados. E uma massa sem qualificação buscando vagas cada vez mais escassas e recorrendo ao subemprego.
A educação para o trabalho vem sendo uma preocupação cada vez maior do Sistema Fecomércio RJ, especialmente por meio do Senac. Oferecemos cursos virtuais em 19 áreas diferentes, entre cursos livres, técnicos e formações completas de ensino superior.E haverá mais: educação será uma prioridade do Sistema Fecomércio RJ nos próximos anos, com foco no potencial de transformação e caráter inclusivo que o ensino é capaz.
Mas nós não temos a ilusão de que a simples oferta de cursos seja suficiente para acreditarmos que esse modelo esteja pronto. A realidade é que a tecnologia ainda não democratizou o ensino.
Por isso, também endereçamos soluções para atender os que não têm acesso em suas casas à estrutura necessária para acompanhar cursos remotos. Já temos 23 salas no Senac RJ com tudo o que as pessoas que precisam desse suporte as utilizem para o ensino virtual. Nossa meta é ambiciosa: queremos fechar este ano com 83 salas em todo o estado, atendendo a até 4 mil alunos nesse sistema híbrido.
É esse tipo de olhar atento que entendemos que todos os níveis de tomadores de decisão devem ter para que as potencialidades da educação pela internet não sejam atrapalhadas pela falta de infraestrutura, sob pena de perpetuar o abismo que há no país entre os que têm e os que não têm.
Em 2020, diante da pandemia, o quadro que o Senac busca resolver estava claro: 39% dos estudantes de escolas públicas não tinham, em casa, os equipamentos necessários para obter aprendizado de forma remota.
O ensino virtual pode ser revolucionário, mas não podemos repetir os erros do passado, do ensino tradicional. Houve um abismo de gerações, com gritantes diferenças de qualificação, e apenas trocar presencial por virtual não é solução. Há um oceano de oportunidades a ser explorado e temos o dever, como gestores, de criar caminhos para chegar ao estudante, em vez de simplesmente deixá-lo à deriva em busca de qualificação.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.