André Esteves é diretor-executivo do Instituto Onda Azuldivulgação

A Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou na semana passada, dentro do programa Columbia Global Center Rio, o Climate Hub Rio, a fim de ampliar os estudos e a cooperação da comunidade acadêmica da Universidade de Columbia com o Brasil, no que tange às mudanças climáticas. Atuando como um centro regional, o Hub está dedicado a apoiar iniciativas educacionais e o desenvolvimento de pesquisas brasileiras na área de clima e meio ambiente, considerando aproximar-se dos movimentos de base e ampliar a participação efetiva de agentes diversos na agenda climática global.

Presentes ao evento de lançamento do Hub no Museu do Amanhã, entre os muitos discursos de autoridades ali reunidas, me chamou atenção o de Murugi Ndirangu, dentro do painel Cooperação Internacional em Mudanças Climáticas: Perspectivas da Saúde Pública, Florestas e Direitos Indígenas. Diretora do Columbia Global Center de Nairóbi, no Quênia, Murugi, que lidera nessa região as atividades de educação, pesquisa e programação pública do Centro, mencionou sobre o impacto das mudanças climáticas no abastecimento de água na região. Há localidades que ficam anos sem chuva. E sem água.

Em 2021, de acordo com dados do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, faltou chuva e mais de 2,9 milhões de quenianos precisaram de ajuda humanitária decorrente do pior volume registrado em quatro décadas. Ao passo que aqui no Brasil, em 2023, sobrou chuva para o litoral de São Paulo. A tempestade foi registrada como a maior do país até então, levando muitos à morte.

Nossa tão valiosa água, em tempos de Mudanças Climáticas, vem se colocando em um lugar de mensageira furtiva na entrega de más notícias, ao chegar ou não chegar. Os pesquisadores e autores do livro “A Água”, José Galizia Tundisi e Takako Matsumura Tundisi, no capítulo intitulado Mudanças Climáticas, explicam que as alterações produzidas pelas mudanças dos ciclos climáticos devem levar à intensificação do ciclo hidrológico global, e deverão causar muitos impactos nos recursos hídricos regionais com consequências no suprimento de águas superficiais e subterrânea e efeitos nos usos múltiplos como irrigação, navegação, geração hidrelétrica e recreação baseada nos recursos hídricos.

Em 22 de Março de 1992, a Organização das Nações Unidas - ONU - criou o “Dia da Água”. Em 2003 criou a Interagência Água, responsável por coordenar os esforços de todas as organizações da ONU com os desafios relacionados com a água. Dentro dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, também da ONU, o ODS 6 representa a água. Mas a novidade para mim foi estarmos vivenciando a “Década Internacional para Ação, “Água para o Desenvolvimento Sustentável”, que começou em 22 de março de 2018 indo até 2028.

A Década trata da aceleração dos esforços para enfrentar os desafios relacionados à água, inclusive o acesso limitado à água potável e ao saneamento, o aumento da pressão sobre os recursos hídricos e ecossistemas, e do risco exacerbado de secas e enchentes. Tratar os temas é questão de governança. Para os autores do livro “A Água”, a governança é um problema de grande importância atualmente. Demanda capacidade de promover políticas públicas e arcabouços institucionais que são aceitáveis socialmente e podem mobilizar recursos sociais para o apoio.

A política hídrica e os processos de formulação devem ter como objetivo o desenvolvimento sustentável de recursos hídricos e para que isto seja efetivo, os principais usuários devem ser envolvidos no processo. A efetiva governança dos recursos hídricos e dos serviços da água deve ser uma relação combinada entre governos e vários grupos na sociedade civil, particularmente ao nível da comunidade local, bem como o setor privado.

Pensando em estabelecer as conexões entre as muitas iniciativas do setor público, privado e governança para soluções para a construção de cidades mais sustentáveis, o Instituto Onda Azul já tem programada a 7ª edição do evento Cidades Verdes. Repetindo a incrível experiência dos eventos anteriores, a edição “O Futuro da Água e da Energia nas Cidades” promete, através de um ambiente estimulante e articulador, ativar a sociedade como faz um dos principais eventos de Rock do Mundo.
André Esteves é diretor-executivo do Instituto Onda Azul