André Esteves é diretor-executivo do Instituto Onda Azuldivulgação
Presentes ao evento de lançamento do Hub no Museu do Amanhã, entre os muitos discursos de autoridades ali reunidas, me chamou atenção o de Murugi Ndirangu, dentro do painel Cooperação Internacional em Mudanças Climáticas: Perspectivas da Saúde Pública, Florestas e Direitos Indígenas. Diretora do Columbia Global Center de Nairóbi, no Quênia, Murugi, que lidera nessa região as atividades de educação, pesquisa e programação pública do Centro, mencionou sobre o impacto das mudanças climáticas no abastecimento de água na região. Há localidades que ficam anos sem chuva. E sem água.
Em 2021, de acordo com dados do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, faltou chuva e mais de 2,9 milhões de quenianos precisaram de ajuda humanitária decorrente do pior volume registrado em quatro décadas. Ao passo que aqui no Brasil, em 2023, sobrou chuva para o litoral de São Paulo. A tempestade foi registrada como a maior do país até então, levando muitos à morte.
Nossa tão valiosa água, em tempos de Mudanças Climáticas, vem se colocando em um lugar de mensageira furtiva na entrega de más notícias, ao chegar ou não chegar. Os pesquisadores e autores do livro “A Água”, José Galizia Tundisi e Takako Matsumura Tundisi, no capítulo intitulado Mudanças Climáticas, explicam que as alterações produzidas pelas mudanças dos ciclos climáticos devem levar à intensificação do ciclo hidrológico global, e deverão causar muitos impactos nos recursos hídricos regionais com consequências no suprimento de águas superficiais e subterrânea e efeitos nos usos múltiplos como irrigação, navegação, geração hidrelétrica e recreação baseada nos recursos hídricos.
Em 22 de Março de 1992, a Organização das Nações Unidas - ONU - criou o “Dia da Água”. Em 2003 criou a Interagência Água, responsável por coordenar os esforços de todas as organizações da ONU com os desafios relacionados com a água. Dentro dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, também da ONU, o ODS 6 representa a água. Mas a novidade para mim foi estarmos vivenciando a “Década Internacional para Ação, “Água para o Desenvolvimento Sustentável”, que começou em 22 de março de 2018 indo até 2028.
A Década trata da aceleração dos esforços para enfrentar os desafios relacionados à água, inclusive o acesso limitado à água potável e ao saneamento, o aumento da pressão sobre os recursos hídricos e ecossistemas, e do risco exacerbado de secas e enchentes. Tratar os temas é questão de governança. Para os autores do livro “A Água”, a governança é um problema de grande importância atualmente. Demanda capacidade de promover políticas públicas e arcabouços institucionais que são aceitáveis socialmente e podem mobilizar recursos sociais para o apoio.
A política hídrica e os processos de formulação devem ter como objetivo o desenvolvimento sustentável de recursos hídricos e para que isto seja efetivo, os principais usuários devem ser envolvidos no processo. A efetiva governança dos recursos hídricos e dos serviços da água deve ser uma relação combinada entre governos e vários grupos na sociedade civil, particularmente ao nível da comunidade local, bem como o setor privado.
Pensando em estabelecer as conexões entre as muitas iniciativas do setor público, privado e governança para soluções para a construção de cidades mais sustentáveis, o Instituto Onda Azul já tem programada a 7ª edição do evento Cidades Verdes. Repetindo a incrível experiência dos eventos anteriores, a edição “O Futuro da Água e da Energia nas Cidades” promete, através de um ambiente estimulante e articulador, ativar a sociedade como faz um dos principais eventos de Rock do Mundo.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.