Paulo Sérgio Farias é presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB) – Rio de JaneiroDivulgação
Paulo Sérgio Farias: A recuperação do Rio passa pelo setor naval
Recuperar o setor naval é recuperar os empregos perdidos e colocar, o Rio de Janeiro (e o Brasil) de volta no caminho do desenvolvimento com geração de empregos e distribuição de renda
O anúncio de que a Petrobras voltará a fazer investimentos na indústria naval fluminense nos enche de esperança. A indústria naval sempre foi importante para o Rio de Janeiro e sua retomada é essencial para a recuperação econômica e geração de empregos para o povo fluminense.
Desde as crises provocadas pela condução da Operação Lava Jato, nosso estado perdeu milhares postos de trabalho no setor, diversos estaleiros pararam de funcionar e os que seguiram abertos enfrentaram grandes dificuldades. O Brasil teve mais de 60 mil trabalhadores demitidos no setor, desde então. Para cada posto de trabalho que era perdido no setor naval, outros quatro da cadeia produtiva indireta do setor se fechavam também.
Recuperar o setor naval é recuperar os empregos perdidos e colocar, o Rio de Janeiro (e o Brasil) de volta no caminho do desenvolvimento com geração de empregos e distribuição de renda.
É urgente que se retome as obras paradas no setor e o retorno da política de conteúdo local, incentivando a produção nos nossos estaleiros e voltando a multiplicar postos de trabalhos diretos e indiretos ao setor naval, que é estratégico e necessita de políticas de Estado para que garantam da mão de obra para que o segmento siga pujante na geração de empregos, sendo um dos pilares.
Estudos do Dieese provam que a cada R$ 1 bilhão de investimentos da Petrobras no setor naval brasileiro, mais de 25 mil empregos diretos e indiretos são gerados e que cada 1% de conteúdo local na construção offshore gera mais de três mil empregos.
Investir em política de conteúdo local é investir em empregos para o povo brasileiro. Durante o último governo, a política de conteúdo local foi ignorada pela Petrobras e demais petroleiras, ceifando postos de trabalho e não ajudando no desenvolvimento nacional. A chamada política de Risco de Integridade da Petrobras se tornou, na prática, um instrumento de exclusão das empresas brasileiras.
A Petrobras é uma empresa estratégica para o setor naval. É preciso superar a gestão antinacional que vigorou nos últimos anos. Cabe ao governo Lula dar um fim nessa política, colocar a Petrobras novamente a serviço do povo brasileiro e retomar verdadeiramente a política de conteúdo local.
Além de retomar a política de conteúdo local, precisamos rever pontos do projeto BR do Mar, que deve servir para potencializar nossa indústria e economia, o que não ocorre pelos prejuízos à classe trabalhadora. O BR do Mar precisa garantir a participação de 2/3 de trabalhadores marítimos brasileiros nas tripulações, essa medida é essencial para fortalecer nossa marinha mercante.
Nosso estado já perdeu muito com o desmonte do setor naval e os ataques à engenharia nacional. Os frutos dessa política mantida pelos últimos governos estão aí: diminuição dos salários, queda no consumo e na arrecadação dos últimos anos (reduzindo a capacidade de investimentos), superendividamento familiar e um enorme contingente de obras paradas que precisam ser retomadas.
Paulo Sérgio Farias é presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB) – Rio de Janeiro
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