Henrique Silveira é geógrafo, mestre em cultura e comunicação e atualmente está Subsecretário de Integração MetropolitanaDivulgação

Existe uma transição energética em curso no planeta e nunca se investiu tanto em energias renováveis. É importante lembrar que entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), está a geração de energia limpa e acessível para todos. O Rio de Janeiro possui compromisso com essa meta e entende que a cooperação com os demais municípios é fundamental para ampliar o impacto nesta agenda. Não por outro motivo, o Plano de Desenvolvimento Sustentável e Ação Climática (PDS) da cidade prevê a criação de um consórcio metropolitano de autogeração de energia.
A Secretaria de Integração Metropolitana possui objetivo de compartilhar boas práticas do Rio de Janeiro com outros municípios e valorizar experiências de outras prefeituras. Com esta missão, propõe-se a ser motriz de uma integração intermunicipal para a transição energética. Este foi o contexto para que os prefeitos do Rio de Janeiro, Niterói e Mesquita assinassem o Acordo de Cooperação Transição Rio. No momento de celebração do acordo, os prefeitos de Iguaba Grande e de Búzios fizeram a adesão à iniciativa.
O Acordo de Cooperação estabelece um plano de ação para o compartilhamento de boas práticas e o desenvolvimento de iniciativas de transição energética. Por exemplo, o Rio de Janeiro foi a primeira cidade do Brasil a comprar energia no mercado livre, reduzindo a despesa de energia do centro administrativo da prefeitura em 50%. Neste momento, o Rio está preparando a migração de mais 24 unidades de saúde e compartilhando essa metodologia com Niterói, Mesquita e Maricá. A mudança prevista dos prédios do poder
público para o mercado livre de energia vai gerar uma economia de aproximadamente 25 milhões por ano nas prefeituras envolvidas e evitar a emissão de 30 mil tCO2.
Por sua vez, Maricá estabeleceu uma política municipal de hidrogênio. A prefeitura firmou parceria com a COPPE/UFRJ e investiu 12 milhões de reais para o desenvolvimento tecnológico do primeiro ônibus nacional movido à hidrogênio. A meta é atrair investimentos de empresas e produzir ônibus sustentáveis. As demais prefeituras vão atuar como observadores do processo e possíveis parceiras na descarbonização de suas frotas.
Niterói é a primeira cidade do país com uma Secretaria do Clima. Entre os destaques está o Programa de Certificação em Boas Práticas em Neutralização de Carbono, voltado para estimular ações do setor privado. Outro projeto é o Desafio Solar Brasil, uma corrida de barcos movidos à energia solar na Baía de Guanabara com o objetivo de fomentar o desenvolvimento de tecnologias para as embarcações.
Mesquita é pioneira no estado do Rio de Janeiro na utilização da tecnologia BIM na elaboração de projetos executivos para obras na cidade. Essa tecnologia reduz radicalmente os erros na execução dos projetos e a necessidade de contratos aditivos, o que gera atrasos e aumenta o custo final. A prefeitura possui 40 projetos em BIM na sua carteira, dos quais 24 foram entregues e 16 estão em fase de modelagem.
Durante a celebração do acordo de cooperação, todos os prefeitos destacaram o momento oportuno para as cidades cooperarem e assumirem protagonismo na transição energética. O tema está no centro da agenda do desenvolvimento sustentável dos próximos 20 anos.

*Henrique Silveira é geógrafo, mestre em cultura e comunicação e atualmente está Subsecretário de Integração Metropolitana