Veronica Marques é designer de Experiências e Mestre em Economia Criativa pela ESPMDivulgação

A cada dia uma novidade científica ou tecnológica é anunciada e altera, radicalmente, os modos de ser e de viver em sociedade. Desafios se avolumam ao mesmo passo em que novas possibilidades surgem. São adversidades, oportunidades e inovações por todos os lados. O caos, alguns diriam. Uma infinitude de multiversos e metaversos, outros apontariam. Em um cenário que se apresenta como uma grande página em branco, a única certeza é o uso da criatividade para inventar o futuro.
Segundo a UNCTAD, agência da ONU para Comércio e Desenvolvimento, a Economia Criativa é um dos setores que mais cresce no mundo. A organização estimou que, em 2020, em plena pandemia global, bens e serviços criativos representaram 3% do total de mercadorias e 21% dos serviços exportados. Enquanto isso, o setor cultural respondeu por 3,1% do produto interno bruto (PIB) global.
Ainda segundo a UNCTAD, as indústrias culturais e criativas fornecem 6,2% de todos os empregos, gerando quase 50 milhões de postos de trabalho no mundo e empregando mais jovens (de 15 a 29 anos) do que outros setores. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) cravou que, se a Economia Criativa fosse um país, teria o quarto maior PIB do mundo, com U$ 4,3 bilhões.

O ano de 2011 marcou o início da narrativa do setor no Brasil, através da criação da Secretaria de Economia Criativa (SEC) vinculada ao Ministério da Cultura. Isso levou ao desenvolvimento de um plano para o período 2011-2014, que ratificou a importância das políticas públicas relacionadas à cultura e à criatividade na construção de uma agenda de desenvolvimento ampla e transversal.
Um boletim produzido pelo Observatório Itaú Cultural aponta que a Economia Criativa ganhou, em 2022, 814 mil novos postos de trabalho e fechou o primeiro trimestre com 7,4 milhões de trabalhadores, 12% a mais que o mesmo período em 2021. Outras pesquisas indicam que a criatividade será um diferencial fundamental nesta era da inteligência artificial e nas próximas, onde experimentaremos o amplo uso do processamento de dados, os sensores inteligentes e a Internet das Coisas.
E, cada vez mais, políticas públicas se somam no esforço de consolidar outras possibilidades criativas. No Brasil, o setor movimentou R$ 217 bilhões em 2020, de acordo com pesquisa da Firjan, fazendo do PIB Criativo comparável à produção total da construção civil e superior ao extrativismo mineral. Ser criativo, como pessoa, profissional, acadêmico, marca, organização ou governo deixou de ser diferencial para ser mandatório.
Quem não cria fica para trás, o que implica deixar de existir rapidamente ou perder a relevância. Não basta ser criativo em sua área específica. Será necessário encarar a criatividade como um estilo de vida, um jeito de ver e se engajar com o mundo ao seu redor.

Assumir que a criatividade veio para ficar é fundamental. O desafio é se jogar de forma corajosa nesta jornada, valorizando o poder das ideias ousadas e rebeldes. Construir a confiança necessária para criar soluções autênticas e revolucionárias em um mundo em que o capital econômico ainda segue na frente do potencial transformador da disrupção.

* Veronica Marques é designer de Experiências e Mestre em Economia Criativa pela ESPM