Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação

A educação cívica deveria incluir ensinamentos do que é o voto e como funciona. No Brasil, vota-se para os executivos e os legislativos, nos três níveis, federal, estadual e municipal. Em muitos países, vota-se até para juiz.
A escolha do candidato deve estar vinculada à função que postula e ao perfil do candidato. Um bom legislador nem sempre é relevante no cargo executivo, assim como um ótimo gestor não é obrigatoriamente competente legislador.
Alguns de nossos mais notáveis realizadores ou não tiveram passagem no legislativo ou o fizeram de forma modesta. Dois excepcionais governantes, de São Paulo e Minas, não são lembrados pela presença no legislativo. Adhemar de Barros, que governou São Paulo três vezes e mais uma na Prefeitura da capital, foi modesto deputado estadual em 34. JK foi prefeito de BH, governado de Minas e presidente da República e passou desapercebido na Constituinte de 46 e nos três anos de senador. São raros os casos como os do genial Carlos Lacerda, que foi notável parlamentar, combativo e produtivo, tendo se revelado bom gestor no governo da Guanabara.
Vamos ter eleições municipais ano que vem. Em plena implantação da reforma tributária, que vai exigir entendimento para não provocar crises. E mais: neste Brasil dividido, os membros dos executivos devem manter certa distância dos temas políticos. Afinal, prefeito é eleito para administrar a cidade, não para debater temas nacionais e combater os governos do Estado ou da União, ou ambos.
Recentemente o aloprado grupo político ligado ao ex-presidente Bolsonaro e o próprio andaram agredindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pela sua costura na reforma tributária. Queriam que combatesse a proposta que foi vencedora por larga margem no Congresso e na sociedade, pelo simples fato de o governo apoiar sua aprovação. Um projeto que estava há anos tramitando no Parlamento.
Por outro lado, as forças de esquerda em São Paulo estão unidas em torno da candidatura do deputado Guilherme Boulos para a prefeitura da maior cidade do país. O deputado é um ativista de esquerda, apoiador de invasões de terras e imóveis urbanos. Não tem compromisso com a ordem e o progresso da cidade. São Paulo vive de sua pujança econômica e do bom ambiente para a circulação da riqueza, que gera empregos e distribui renda.
No Rio, a situação é inversa. O prefeito Eduardo Paes tem sido um desastre nas posições políticas, o que pode ter frustrado uma bela carreira, pois sua gestão nos mandatos anteriores poderia ter garantido uma eleição estadual e até mesmo uma forte presença nacional. Mas estes equívocos só o tiveram mesmo de vítima. É bom gestor, é realizador, incomparavelmente superior aos concorrentes no passado e, ao que tudo
indica, aos previstos para o ano que vem. Não fez sua sucessão, com graves prejuízos para a cidade, pela arrogância ao não apoiar candidatos naturais em seu grupo, como Carlos Roberto Osório, que teria dado continuidade as suas gestões exitosas.

O eleitor deve deixar para os vereadores preferências pessoais, políticas ou até pela filiação do candidato. Mas o executivo pede racionalidade, pragmatismo e não a emoção que geralmente leva a erros graves.
* Aristóteles Drummond é jornalista