Jerson Laks é psiquiatra, pesquisador do CNPq, cientista, doutor e PhD em medicina e diretor-médico da Clínica da GáveaDivulgação

Todos nós já experimentamos momentos de ansiedade, diante de uma situação que nos gere algum nível de estresse. Essa é, portanto, uma situação normal, importante para que nos preparemos para enfrentar o evento ou fato que nos acarreta a ansiedade.
Entretanto, a continuidade de sintomas ansiosos, tais como aumento excessivo das preocupações, taquicardia, tremores e sudorese nas extremidades do corpo, vista turva, insônia, perda de apetite, já são vistas como transtorno, uma vez que elas afetam as atividades de vida diária e o desempenho social e psicológico do indivíduo.
Esta condição de saúde mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo vem crescendo entre jovens no Brasil. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% da população mundial sofrem com transtornos mentais, o que corresponderia, aproximadamente, a 780 milhões de pessoas. O Brasil é o país que lidera o ranking de ansiedade e depressão na América Latina, com quase 19 milhões de portadores dessas condições.
Os transtornos de ansiedade são caracterizados por sintomas físicos e emocionais intensos e persistentes, como medo irracional, preocupação constante, dificuldade em controlar os pensamentos ansiosos, tensão muscular, sudorese, palpitações, entre outros. Existem diferentes tipos de transtornos de ansiedade, como o
transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno do pânico, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e a fobia social.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para prevenir a progressão dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Os transtornos de ansiedade podem ser tratados com terapia cognitivo-comportamental, medicamentos ansiolíticos ou uma combinação de ambos. A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem de psicoterapia que oferece instrumentos para identificar e modificar padrões de pensamento negativos e comportamentos que contribuem para a ansiedade, além de manejo específico quando nas crises.
No entanto, o acesso a serviços de saúde mental de qualidade ainda é um desafio no Brasil, especialmente para jovens que enfrentam dificuldades financeiras ou geográficas para acessar esses serviços. Os problemas do dia a dia e as exigências excessivas por desempenho para os jovens são aspectos importantes a serem vistos, uma vez que o transtorno de ansiedade tem fatores sociais da vida moderna a causarem aumento do problema.
Por todo o exposto, passou da hora de a ansiedade ser encarada de forma efetiva por todos os agentes que militam na área de saúde mental no Brasil.
Jerson Laks é psiquiatra, pesquisador do CNPq, cientista, doutor e PhD em medicina e diretor-médico da Clínica da Gávea