O tempo passa e o ex-presidente Jair Bolsonaro não sai do noticiário. Muito estranho, pois ele é o caso típico do ex que nunca deveria ter sido e nunca mais será. O deputado de sete mandatos, sempre bem votado, nunca teve ideologia nem discurso ideológico. Foi um deputado clientelista, cuidando apenas de pensionistas militares. Nunca foi de esquerda, mas um populista, que inclusive defendia estatais e outras posições da direita do atraso. Neste particular, evoluiu positivamente e teve excelente orientação na parte da economia em seu governo. Poderia ter sido muito melhor, não fosse seu viés populista, paternalista e de demagogia fora de moda. Deu mesada para uma multidão que nem votou nele. Um equivocado, que não teve humildade para se cercar melhor. Seu círculo íntimo foi e é visivelmente desqualificado.
Primário, arrogante, grosseiro e intolerante, mesquinho até, não soube gerir os bons ventos do destino que o elegeram e teria reelegido com facilidade, se tivesse sido menos inseguro e mais humilde para ouvir ponderações. Ele elegeu Lula, apesar de um governo positivo, exceto quando se metia em trapalhadas como na educação e na saúde. Teve ministros qualificados em Tarcísio de Freitas, Teresa Cristina, Rogério Marinho, Marcio Pontes e Almirante Bento, além do Paulo Guedes. Mas longe de ser "genocida", e golpista.
Apesar das bobagens relacionadas a vacinas, o governo agiu bem nos recursos distribuídos e na vacinação com pequeno atraso. Os filhos trapalhões, figuras menores e que vão com o tempo para a insignificância, não prevaricaram; foram bobos da corte, com pequenas fraquezas humanas. O senador não se reelege e os demais podem ter mais um mandato e o menor ganhar uma vereança em Florianópolis. Apesar das joias mal explicados.
A liderança popular que desfruta é impressionante, mas ele tornou impossível vencer uma majoritária. Não deu golpe, pois não convenceria nem um cabo do Exército diante de uma derrota mais do que prevista. Foi apenas irresponsável e inconsequente ao se omitir diante do ridículo dos acampamentos e a insinuar fraude sem fundamento, que desaguou no 8 de janeiro. A depressão que o levou a abandonar o mandato, transportado por avião que, no máximo, deveria o ter levado a Viracopos para pegar um voo de carreira, parece a prova de que percebeu que foi o único culpado pela derrota. Isolado nas forças vivas da nacionalidade.
Vai ficar no palco algum tempo, pois interessa ao lulo-petismo o ter como adversário, pois pode rachar a direita que é forte sem ele. E enquanto não surge um líder de fato.
No momento que a esquerda descobrir que vale pouco ou coisa nenhuma, ele vai diminuindo até chegar a sua dimensão real. Bolsonaro não tem condições de ter companheiros de jornada mais conceituados do que Waldemar da Costa Neto, Carla Zambelli ou Daniel Silveira. Ainda bem.
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