Amar ou armar?
Uma letra apenas.
As duas são verbo.
Verbo é ação.
Uma palavra é jardinagem nos campos bonitos da vida.
A outra é sabotagem da própria vida.
É sujar a água próxima à fonte.
Armar uma criança é roubar dela a criança. A criança que, se não fossem armas, amariam.
Uma criança que ouve ódios repete ódios. Uma criança criada para o matar poderá matar.
Mar de insanidades esses tempos.
Crianças ressurgindo de escombros e pedindo mãe. Mãe já morrida por adulto armado. Adulto armado por líder que não é líder. Se líder fosse, amaria. A sua gente. As gentes todas. Líderes têm responsabilidade e respeito. Têm autoridade intelectual, moral e humana.
Líderes convencem os desejos menores, como os de armar, a compreender que os sentimentos maiores, como o de amar, é que perpetuam humanidades. Líderes amam crianças, porque crianças são florescimentos que perfumam amanhãs. Líderes protegem crianças.
Sem crianças, não há campos. Há campos mortos pelas ausências.
Uma criança não amada não é uma criança. É uma vida desperdiçada.
As lágrimas que choram as crianças de um lado ou de outro são as mesmas lágrimas.
O amor, também.
A cena de uma mãe amamentando o seu filho é linda em qualquer dos lados. Ou dos pais brincando de felicidades e contando as histórias que contam o amar e não o armar. O que nos traz paz são cotidianos de paz. Por que então a guerra? A guerra é sempre um fracasso. Um fracasso do amar.
E o canto dos homens?
O canto dos homens é o canto da liberdade.
É o canto que escolhe amar ou que, desencantado, cai no armar.
Palavras tão distantes.
Um deslize, apenas.
Na não compreensão da humanidade.
Da humanidade que ganhou de presente os campos bonitos da vida.
É de dentro para fora que as decisões decidem paz.
É de dentro para fora que se conhecem, que se preservam os campos bonitos da vida.
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