Professor doutor em História Comparada, pesquisador e escritor, Ivanir dos SantosReprodução/Instagram
A liberdade é uma invenção, uma reinvenção e é fruto das resistências. Queremos aqui começar com essa afirmação, pois acreditamos que esse é um dos ensinamentos que a série Resistência Negra trará para o povo brasileiro. Fruto de uma construção coletiva, a série original, que será lançada pela Globoplay, teve, desde a sua primeira concepção, a “resistência” como ponto de partida para compreendermos os não ditos e silenciamentos sobre história(s) do movimento negro brasileiro. Quando voltamos os nossos olhos para os processos históricos das lutas por liberdades, dois grandes momentos históricos da população negra precisam ser ressaltados. A luta por direitos civis das populações negras afro-diaspóricas e as lutas dos povos africanos nos processos de descolonização e independência. Entretanto, muitas narrativas desvinculadas e descontextualizadas dos processos de lutas do movimento negro, que infelizmente ainda são veiculadas, apresentam as nossas histórias de forma distorcida e desvinculada das nossas resistências cotidianas contra o racismo, as intolerâncias e por garantia de direitos.
Narrativas únicas que colocam apenas os processos de escravidão no Brasil como parte das histórias ou a nossa única história. E como já pontuamos e ensinamos, sim, pois o nosso movimento negro é pedagógico, a escravidão de corpos negros em solo brasileiro é uma das partes nas nossas histórias e não a única história. Deste modo, compreendemos a série Resistência Negra como uma possibilidade de reescrita da história no meio das produções audiovisuais que busca evidenciar as narrativas do movimento negro brasileiro por ele mesmo. Destarte, como um ato político, buscamos inverter a pirâmide, nos meios de produção, e colocamos o movimento negro como sujeito e protagonista. Pois somos nós, pessoas negras, quem escrevemos as nossas narrativas e não quem é narrado, descrito e objetificado. E não por acaso, a data escolhida para o avant-première da Resistência Negra foi o dia 13 de outubro. Dia em que comemoramos 79 anos de nascimento do Teatro Experimental do Negro (TEN). Encabeçado pelo nosso eterno Abdias do Nascimento, o TEN nasceu com a proposta de abrir novos caminhos para pessoas negras nas artes cênicas e na sociedade brasileira. Buscando assim reabilitar e valorizar a identidade, a cultura e a diversidade da população afro-brasileiro. Além de ser um movimento artístico, o TEN também foi um movimento político e social que buscou centralizar as questões negras como foco principal. Mostrando assim, que é possível fazer da arte um ato de reivindicações e lutas por igualdade e equidade. Destacamos aqui a influência do grupo sobre a proposição da Lei Afonso Arinos, primeira legislação voltada para combate ao racismo no Brasil. Dentre os atores e atrizes formados pela companhia estão Ruth de Souza, Haroldo Costa, Léa Garcia e José Maria Monteiro.
Destarte, acredito que a Resistência Negra poderá ser uma das janelas para que outras versões da história das nossas resistências cotidianas possam ser mostradas. Pois é reconfigurando as estruturas de poder e as pessoas que gerenciam as estruturas sociais políticas e econômicas que conseguiremos promover a equidade. Ainda percebemos que a sociedade brasileira vive sobre a glorificação de um passado e de uma história colonial e, ainda hoje, usa todos os artifícios possíveis para marginalizar, invisibilizar e estigmatizar os corpos, culturas e tradições negras. Se a colonização usou as narrativas e as fabricações de imagens sobre as pessoas negras para promover a dominação, é por meio das reescritas das narrativas e reconstrução das imagens e lutas das pessoas e movimentos negros que podemos promover a descolonização e a decolonialidade.
Narrativas únicas que colocam apenas os processos de escravidão no Brasil como parte das histórias ou a nossa única história. E como já pontuamos e ensinamos, sim, pois o nosso movimento negro é pedagógico, a escravidão de corpos negros em solo brasileiro é uma das partes nas nossas histórias e não a única história. Deste modo, compreendemos a série Resistência Negra como uma possibilidade de reescrita da história no meio das produções audiovisuais que busca evidenciar as narrativas do movimento negro brasileiro por ele mesmo. Destarte, como um ato político, buscamos inverter a pirâmide, nos meios de produção, e colocamos o movimento negro como sujeito e protagonista. Pois somos nós, pessoas negras, quem escrevemos as nossas narrativas e não quem é narrado, descrito e objetificado. E não por acaso, a data escolhida para o avant-première da Resistência Negra foi o dia 13 de outubro. Dia em que comemoramos 79 anos de nascimento do Teatro Experimental do Negro (TEN). Encabeçado pelo nosso eterno Abdias do Nascimento, o TEN nasceu com a proposta de abrir novos caminhos para pessoas negras nas artes cênicas e na sociedade brasileira. Buscando assim reabilitar e valorizar a identidade, a cultura e a diversidade da população afro-brasileiro. Além de ser um movimento artístico, o TEN também foi um movimento político e social que buscou centralizar as questões negras como foco principal. Mostrando assim, que é possível fazer da arte um ato de reivindicações e lutas por igualdade e equidade. Destacamos aqui a influência do grupo sobre a proposição da Lei Afonso Arinos, primeira legislação voltada para combate ao racismo no Brasil. Dentre os atores e atrizes formados pela companhia estão Ruth de Souza, Haroldo Costa, Léa Garcia e José Maria Monteiro.
Destarte, acredito que a Resistência Negra poderá ser uma das janelas para que outras versões da história das nossas resistências cotidianas possam ser mostradas. Pois é reconfigurando as estruturas de poder e as pessoas que gerenciam as estruturas sociais políticas e econômicas que conseguiremos promover a equidade. Ainda percebemos que a sociedade brasileira vive sobre a glorificação de um passado e de uma história colonial e, ainda hoje, usa todos os artifícios possíveis para marginalizar, invisibilizar e estigmatizar os corpos, culturas e tradições negras. Se a colonização usou as narrativas e as fabricações de imagens sobre as pessoas negras para promover a dominação, é por meio das reescritas das narrativas e reconstrução das imagens e lutas das pessoas e movimentos negros que podemos promover a descolonização e a decolonialidade.
* Ivanir dos Santos é babalawô, doutor e professor do PPGHC/UFRJ
* Mariana Gino é professora e doutora da Secretaria Executiva Adjunta do CEAP
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