O novo mundo do trabalho, com suas demandas e contradições, impõe a todos nós inúmeros desafios. Ao mesmo tempo em que observamos o despertar da consciência universal sobre a necessidade de se preservar a natureza e garantir a sustentabilidade do planeta, o que faz ascender o conjunto de empregos verdes em todo o mundo, assistimos à destruição acelerada de postos de trabalho devido à intensificação da automação e, sobretudo, da introdução da inteligência artificial (IA).
Um levantamento divulgado em julho pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou números preocupantes. Nos 38 países que estão entre os mais potentes economicamente do planeta, 27% dos postos de trabalho irão simplesmente desaparecer nos próximos anos em decorrência da popularização da IA.
Isso nos obriga a redobrar nossos esforços na criação de empregos formais. Desde o início de nossa gestão na Secretaria Municipal de Trabalho e Renda do Rio, foram criadas 50 mil novas vagas de empregos na cidade. É o trabalho formal, com carteira assinada, que protege pela via da CLT e também da Previdência Social.
Mas, importante frisar, quem trabalha por conta própria deve ter e terá também todo o nosso apoio para realizar os seus sonhos e garantir a sua dignidade. Queremos este profissional qualificado, antenado com o novo mundo do trabalho. E é, por isso, que estamos lançando o Empreenda.Rio.
O novo programa da secretaria irá qualificar e ajudar a impulsionar quem tem seu próprio negócio ou pretende se tornar um microempreendedor individual (MEI). Hoje, segundo dados do Sebrae Rio, são mais de 542 mil MEIs na capital. Além de oferecer cursos sobre empreendedorismo, gestão de negócios e marketing digital, o Empreenda.Rio ajudará novos e experientes empreendedores, fazendo inclusive intermediação de mão de obra.
Com novas oportunidades para os trabalhadores, seja abrindo novas vagas de carteira assinada ou capacitando e estimulando a formalização do pequeno empreendedor, poderemos contrapor o impacto avassalador das novas tecnologias, protegendo quem mais precisa e apoiando a economia real. Salário não é guardado sob o colchão. Retorna à economia concreta, a das mercearias, salões de barbeiro, pequenas creches e negócios de transporte escolar, por exemplo. Não podemos nos esquecer que 55% dos empregos formais no estado do Rio foram criados pelas micro e pequenas empresas, segundo também o Sebrae do Rio.
Por isso, não há contradição entre apoiar o trabalhador e apoiar o micro e pequeno empreendedor. O grande empresário, que emprega em massa, queremos receber com banda de música, como dizia Brizola. Mas é para o povo que dirigimos o nosso olhar. É o povo que extrai do trabalho o suor que lhe dignifica, a razão de ser das nossas ideias e ações.
Everton Gomes, cientista político e secretário Municipal de Trabalho e Renda do Rio
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