Isa Colli é jornalista e escritora - Opinião Divulgação

Nos dias 18 e 19 de novembro, os olhos do mundo estarão voltados à cidade do Rio de Janeiro. Isso porque a capital fluminense vai sediar a Cúpula do G20, que reúne os países com as maiores economias do mundo. Até lá, mais de 90 eventos acontecem no Rio e em outros estados do país. O foco principal é a pauta econômica, mas há uma infinidade de temas transversais como desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, energia e meio ambiente. E são justamente esses assuntos que geram a possibilidade de envolvimento dos cidadãos. De forma democrática, as pessoas puderam se inscrever, por meio de um site, para participar dos trabalhos que vão colaborar com o G20 enquanto o Brasil exerce a presidência do grupo.

Esse protagonismo da sociedade civil pode ajudar na busca de soluções concretas para os problemas mundiais. Eu trago um exemplo do que aconteceu em relação ao clima. Para quem acha que a forte onda de calor que atinge parte do Brasil com recorde de sensação térmica é normal, está enganado. O calor extremo é uma combinação de eventos climáticos naturais com as contínuas emissões de dióxido de carbono pela humanidade. De acordo com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, as consequências da ação do homem são claras e trágicas: trabalhadores desmaiando no calor escaldante, crianças arrastadas por chuvas torrenciais e famílias fugindo de incêndios.

Os países que compõem o G20 são responsáveis por 80% das emissões globais de gases do efeito estufa. Por isso, o secretário-geral conclamou essas nações, na última edição do encontro, ocorrido em setembro de 2023, na Índia, a "intensificar ações climáticas e reforçar a justiça climática." Como a questão não avançou no ano passado, o desafio ficou para o evento que estamos sediando.

Enquanto o Grupo de Trabalho (GT) de Sustentabilidade Ambiental e Climática do G20, formado por autoridades como a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, busca promover soluções para a emergência climática, uma nova geração terá a oportunidade de fazer história na cúpula. É que o Comitê Rio G20 e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (SMAC) estabeleceram uma parceria para que formandos do programa Jovens Negociadores do Clima participem de um programa de residência no Comitê.

Eles irão utilizar o conhecimento teórico e prático adquirido por esses jovens, ao longo de 2023, na preparação e execução de atividades na cidade enquanto o Rio de Janeiro for sede da Cúpula do G20. Essa residência, segundo o site da Prefeitura do Rio, permitirá que a garotada ocupe espaços de tomada de decisão, contribuindo para a elaboração de políticas de estado e de políticas públicas que promovam a transformação social e a redução das desigualdades, em alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O momento é único e eu deposito nestes jovens a esperança de que terão, no futuro, quando assumirem postos de comando, um olhar muito mais atento e comprometido, de fato, com as causas ambientais.
Isa Colli
Jornalista e escritora