As enchentes que deixaram 464 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul submersos despertaram o espírito da solidariedade em milhões de brasileiros. Muitos, assim como eu, saíram de seus estados para ajudar no trabalho de busca e resgate das vítimas das chuvas, além de levar mais de 30 toneladas de roupas, fardos de água mineral e outros itens de necessidade básica. A maior tragédia da história do RS deixou 161 mortos, mais de 2,3 milhões pessoas afetadas e 85 desaparecidos.
E em meio ao cenário de destruição estavam cães, gatos, cavalos e outros animais, lutando para sobreviver em telhados e dentro de casas abandonadas e alagadas. Indefesos. Ao assistir às imagens precisei imediatamente fazer a minha parte como defensor dos animais e, mais do que isso, ser humano. Durante uma semana, eu e outros voluntários visitamos algumas das cidades mais castigadas pelas chuvas.
Foi em Canoas e São Leopoldo que me deparei com algumas das cenas mais tristes e desesperadoras que vi na vida. Cães e gatos ilhados há dias, sem comer e beber água, com frio e na chuva. Vi o olhar de medo de cada cão e gato dando lugar ao olhar de gratidão, quando eram salvos. Estavam protegidos enfim. Depois de serem examinados por veterinários, também voluntários, seguem para os abrigos comunitários.
Alguns se perderam de seus tutores. Outros já viviam nas ruas. Todos os dias chegam mais animais resgatados, que necessitam da nossa assistência, do nosso carinho. De acordo com a Defesa Civil do RS, mais de 12,3 mil animais foram resgatados. Ainda traumatizados, eles precisam de lares temporários e adoções responsáveis. Alguns tiveram reencontros emocionantes com suas famílias.
Com os abrigos do Sul lotados, decidimos ir um pouco além. Reunimos voluntários e levamos para o Rio de Janeiro cães e gatos. Todos ganharam novos lares. Salvamos mais de 200 vidas e estamos nos mobilizando para continuar com os resgates. Não podemos parar. Não vamos parar!
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.