Helio SeccoDivulgação

Já imaginou reduzir em, pelo menos, uma hora o tempo de deslocamento entre a sua casa e o seu trabalho, tendo mais segurança e previsibilidade em sua rotina? Pois é isso que os moradores de Rio das Pedras, Muzema, Gardênia Azul e bairros próximos destes irão experimentar a partir do contrato de concessão do sistema de transporte por barcas nas lagoas de Jacarepaguá e Barra da Tijuca.
O projeto, que foi aberto para consulta pública, está respaldado em estudos que estimam mais de 14 mil pessoas por dia utilizando esse transporte hidroviário já no primeiro ano de operação. Isso acontecerá partir da implantação dos pontos de embarque e desembarque associados a cinco terminais (Jardim Oceânico, Linha Amarela, Rio das Pedras, Muzema e Gardênia Azul) e seis píeres obrigatórios (Barra Shopping, Parque Olímpico, Salvador Allende, Bosque Marapendi, Vila Militar e Arroio Pavuna), integrados a outros transportes.
Com o passar dos primeiros anos de operação das barcas e a inclusão de mais estações e linhas, estima-se um potencial de 90 mil passageiros diários utilizando o sistema hidroviário lagunar. Ressalta-se que hoje não há transporte alternativo algum, mesmo de embarcações pequenas, que seja capaz de suprir essa escala de demanda. Os barqueiros de menor porte, que hoje oferecem translado de curta distância em trechos específicos das lagoas, poderão usufruir a abertura de outro tipo de mercado, com trajetos personalizados e mais rápidos, análogos ao “taxi boat” que acontece em outros locais.
É notório o impacto positivo da adição desse meio de transporte massivo na cidade. O primeiro reflexo será a redução da demanda por ônibus e carros nessas regiões, que, em sua maioria, não são atendidas por metrô, trem, BRT ou VLT. Assim, teremos um tráfego veicular urbano mais fluido, o que diminuirá o tempo de viagem não só de quem utilizar as barcas como também de quem estiver no trânsito de ruas e avenidas.
Isso sem falar no valor ambiental agregado. O transporte hidroviário possui eficiência energética largamente superior ao rodoviário, consumindo menos combustível fóssil e emitindo menos carbono na atmosfera, além do fato de que uma operação viável precisará necessariamente sanear e dragar as lagoas visando manter os trajetos desassoreados e em condições de navegabilidade.
Nas últimas décadas, as lagoas de Jacarepaguá e da Barra da Tijuca foram negligenciadas pelo Poder Público e por parte da sociedade, a ponto de chegarmos a um quadro crônico de poluição, com despejo contínuo de toneladas de lixo e de esgoto in natura. O momento se faz oportuno para a chegada gradativa das barcas, pois estamos atravessando importante capítulo da história da cidade, à medida que, nos últimos dois anos, começamos a reverter os rumos desse ecossistema lagunar. Isso foi possível graças à concessão para coleta e tratamento do esgoto em bairros como Cidade de Deus, Curicica, Freguesia, Gardênia Azul, Anil.
É possível dizer, então, que o Rio de Janeiro do futuro passa pela sinergia de tais projetos, tendo como objetivo não só a melhoria da qualidade de vida da população, como também a recuperação ambiental das lagoas. Um Rio em que certamente as hidrovias serão protagonistas!