Antônio Geraldo da SilvaDivulgação

O mês de novembro chega marcando o Dia de Finados, o dia 02 de novembro no Brasil é uma data que as pessoas ficam mais saudosistas, lembrando dos que partiram. Os cemitérios no país inteiro ficam lotados para que as pessoas possam levar flores, limpar túmulos e fazer orações/mantras em homenagem aos seus entes queridos que não estão mais vivos. Independente da religião ou crença, as pessoas costumam ter uma
relação muito sentida quando falamos sobre os mortos. Nesta época, vemos na internet uma profusão de homenagens e muitas declarações. Conhecemos as saudades dos nossos amigos e seguidores e, também compartilhamos com o mundo o que faz o nosso coração ficar mais apertado.
No México, o dia 02 de novembro também é uma data importante, mas diferente do que acontece aqui, é uma celebração que pode durar até 1 semana no país inteiro. A população vai para a rua, com belas roupas, maquiagem, bebidas, comidas e muita música. São caveiras coloridas espelhadas pelas ruas, é uma festa repleta de símbolos e sentimentos. Eles acreditam que nesse dia os mortos podem voltar à terra para se
reencontrar com os vivos e por isso fazem uma comemoração à altura da saudade que sentem.
No Japão, essa data é comemorada em agosto com o Bon Festival, e é uma mistura entre as cerimônias brasileiras e o Dia dos Mortos no México, pois existe o momento das orações, limpeza de túmulos e oferecimento de comidas, mas também uma comemoração com danças tradicionais e o lançamento de lanternas de papel acesas e colocadas em rios, lagos ou mares para guiar os espíritos de volta.
Mas, de que forma essas três formas de homenagear podem ajudar no luto dos que ficam? O ser humano precisa de tempo para viver o luto e todas as suas fases, então participar desses rituais individuais ou em grupo pode ser importante para o processo de superação. Cada um tem o seu tempo, mas em avaliação médica é possível identificar se a pessoa está adoecida pelo luto ou não. Mas se você quer ajudar alguém que está vivendo o luto, eu vou dar algumas dicas:
1) Ouça o que a pessoa tem a dizer. Deixe que ela se sinta confortável para expressar os seus sentimentos sem medo de julgamento. Às vezes, o simples ato de ouvir é o que mais ajuda e traz conforto.
2) Seja acolhedor e empático neste momento difícil. Respeite a necessidade de espaço e momentos de silêncio. Esteja por perto, mas sem pressão.
3) Caso esteja mais difícil de superar com o tempo, encoraje a pessoa a participar de grupos de apoio para enlutados e compartilhar experiências com pessoas que passaram por situações semelhantes pode trazer conforto.
4) Incentive a pessoa a buscar um serviço de saúde e conversar com um especialista. A psicoterapia pode ajudar a processar o luto e lidar com o turbilhão de emoções que surgem nesse momento.
Ter empatia com a dor do outro é fundamental para que possamos cuidar de nossas próprias feridas com respeito e resiliência. Viver o luto é importante, sabemos que a morte faz parte da vida, mas não pode ser o foco da sua vida. É possível superar uma perda, peça ajuda.
* Antônio Geraldo da Silva é psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria