Marta RelvasDivulgação

A educação tem sido profundamente impactada pelos desafios contemporâneos, incluindo a crescente ansiedade entre alunos e professores. Em um mundo marcado pela instabilidade, a sobrecarga de informações e as pressões sociais, torna-se essencial refletir sobre o papel da amorosidade na relação entre docentes e discentes.

O ato de ensinar vai além da transmissão de conteúdos; envolve acolhimento, empatia e conexão humana. A amorosidade, entendida como a expressão de afeto, cuidado e respeito, pode ser fundamental para tornar o ambiente educacional mais saudável e propício à aprendizagem.

O cenário atual é caracterizado por altos índices de ansiedade entre estudantes de diversas idades. A pressão por desempenho, o medo do fracasso, a comparação constante em redes sociais e as incertezas do futuro geram um estado de tensão permanente.

Professores também enfrentam desafios emocionais, como sobrecarga de trabalho, cobranças institucionais e dificuldades em lidar com alunos emocionalmente fragilizados. Nesse contexto, a sala de aula pode se tornar um ambiente de estresse ou, ao contrário, um espaço de acolhimento e segurança emocional.

A neurociência educacional aponta que estados emocionais influenciam os processos cognitivos. A ansiedade excessiva pode prejudicar a atenção, a memória e a capacidade de raciocínio, dificultando a aprendizagem. Por outro lado, um ambiente afetivo e seguro fortalecem a neuroplasticidade, promovendo um aprendizado mais significativo.

A amorosidade no ensino não se trata de sentimentalismo ou permissividade, mas de uma postura ética e humana que valoriza o aluno como sujeito ativo no processo de aprendizagem.

Paulo Freire destacava a importância do afeto e do respeito na relação professor-aluno, ressaltando que ensinar exige amor e compromisso com o desenvolvimento integral do educando.

Práticas amorosas na educação incluem o acolhimento e escuta ativa, que demonstra interesse genuíno pelo aluno, ouvindo suas dificuldades sem julgamentos, fortalecendo a relação de confiança; a valorização das emoções, permitindo que os estudantes expressem seus sentimentos e discutam suas angústias, ajudando a reduzir a ansiedade; estímulo ao aprendizado colaborativo, incentivando a cooperação em vez da competição promovendo um ambiente mais harmônico e menos estressante; a opinião construtiva, ou seja, ao invés de focar nos erros, valorizar progressos e estimular a autoestima acadêmica; a flexibilidade e compreensão, ajustando metodologias e reconhecendo que cada aluno tem seu próprio ritmo de aprendizagem.

Diante do aumento dos níveis de ansiedade, a amorosidade se apresenta como um caminho para tornar a educação mais humana e eficaz. O professor que ensina com afeto, além de transmitir conhecimento, transforma vidas, criando um ambiente onde os alunos se sentem valorizados e motivados. A aprendizagem, nesse contexto, deixa de ser um mero acúmulo de informações para se tornar uma experiência significativa e emocionalmente equilibrada.

Assim, investir na amorosidade na relação professor-aluno não é um idealismo, mas uma necessidade urgente para a construção de uma escola mais acolhedora e eficiente.
Marta Relvas é Drh Educação e psicopedagoga. Autora do livro 'Que cérebro é esse que chegou à escola?'