Gabriella RodriguesDivulgação

Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) se tornou parte do nosso dia a dia, transformando a maneira como trabalhamos, nos comunicamos e consumimos conteúdo. No entanto, essa revolução tecnológica também trouxe desafios éticos, especialmente no campo da criação artística. Um dos casos mais recentes e polêmicos envolve o uso de IA para gerar imagens no estilo do renomado Studio Ghibli, estúdio japonês responsável por clássicos da animação como A Viagem de Chihiro e Meu Amigo Totoro.

A questão levantada por artistas e ilustradores é simples: as inteligências artificiais, ao serem treinadas com milhões de imagens disponíveis na internet, muitas vezes se apropriam do trabalho humano sem consentimento. O Studio Ghibli, conhecido por sua abordagem artesanal e autoral, é um dos símbolos dessa resistência. Seus artistas argumentam que a IA pode minar a originalidade e a valorização do processo criativo, tornando-se um atalho que ignora anos de estudo e prática de quem se dedica à arte.

Diante desse cenário, é fundamental que a juventude compreenda não apenas como usar a IA, mas também os limites éticos dessa tecnologia. Como garantir que a inovação respeite os direitos autorais? Como incentivar o uso responsável da IA para que ela seja uma aliada da criatividade e não uma ameaça? Essas são perguntas que precisam ser respondidas com educação e conscientização.

Na Secretaria da Juventude do município do Rio (JUVRio), estamos atentos a essa realidade. Por meio dos cursos de Inteligência Artificial oferecidos nos Espaços da Juventude da cidade, buscamos formar jovens que compreendam tanto os aspectos técnicos da IA quanto suas implicações éticas. Temos unidades ensinando, neste momento, em sete territórios do Rio de Janeiro: Estácio, Madureira, Cidade de Deus, Jacarezinho, Vigário Geral, Vargem Pequena e Campo Grande. São 1.750 jovens que, neste mês, vão navegar por esse curioso universo novo e descobrir as possibilidades dessa demanda de mercado e suas implicações.
O objetivo é que eles saiam preparados para lidar com essa ferramenta de forma crítica, sabendo utilizá-la de maneira inovadora, mas sem ferir princípios de autoria e respeito ao trabalho artístico. Além de um estudo prático, é preciso estar atento para uma realidade multifacetada e as discussões que essa nova tecnologia vai de encontro.

Hoje, a IA já é usada para criar imagens, textos e até composições musicais. Mas a verdadeira inovação não está apenas na capacidade de gerar conteúdo automaticamente, e sim na forma como a tecnologia pode ser usada para ampliar as possibilidades criativas, sem substituir o talento humano. A responsabilidade pelo uso da IA não é somente dos programadores ou desenvolvedores, mas de toda a sociedade, que precisa estar preparada para debater seus impactos e definir limites claros para seu uso.

O futuro da criatividade passa, inevitavelmente, pela inteligência artificial. Mas cabe a nós, gestores públicos, educadores e profissionais de diversas áreas, garantir que esse futuro seja construído com respeito, ética e, acima de tudo, consciência. No Rio de Janeiro, a juventude está sendo capacitada para essa nova realidade – e essa é a chave para um futuro em que tecnologia e criatividade possam caminhar juntas de maneira justa e responsável.
Por Gabriella Rodrigues, Secretária da Juventude da Prefeitura do Rio