Manoela Peres: O maior patrimônio de uma cidade

Oi, gente! No mês passado celebramos o Dia do Servidor Público, uma data que nos convida a refletir sobre o verdadeiro motor de qualquer administração. Existe uma visão ultrapassada, e infelizmente ainda comum, de que o funcionalismo é um "custo" ou um peso para o Estado. Eu discordo frontalmente. Sempre pautei minha trajetória na convicção de que o servidor é, na verdade, o maior patrimônio de uma cidade.

Não existe gestão pública eficiente sem pessoas comprometidas e valorizadas. A qualidade de uma prefeitura, e por consequência a qualidade de vida da população, mede-se diretamente pela qualidade e pelo compromisso dos seus servidores. Afinal, são eles que estão na ponta: o médico no posto de saúde, o professor na sala de aula, o gari mantendo a cidade limpa.

Quando assumi a prefeitura de Saquarema, o desafio era transformar essa filosofia em prática. Uma orquestra só toca em harmonia se todos os músicos estiverem afinados e se sentirem parte essencial do espetáculo. Eu era a maestrina, mas a música só existia por causa deles. Na prática, isso significa ouvir ideias, independentemente do cargo, e valorizar as "pratas da casa", dando espaço para quem conhece a máquina pública crescer.

Mas uma gestão pública responsável também exige que olhemos para o futuro. Como garantir que a excelência do serviço público de qualidade se perpetue? Investindo em quem está chegando e em quem busca uma nova chance.

Com esse foco, criamos programas para preparar os servidores do amanhã. O Programa Jovem Cidadão (PJC), criado em 2019, oferece estágios remunerados, dando a primeira oportunidade real de trabalho dentro da gestão. Hoje, temos 226 jovens atuando na administração, de um total de 598 que já passaram pelo projeto, aprendendo na prática o que é servir à população.

Também olhamos para quem buscava uma recolocação. O Programa Novo Cidadão (PNC), de 2022, abriu portas para pessoas com até 29 anos ou mais de 50, em funções auxiliares. Já são 185 participantes ativos (de 444 no total) aprendendo e contribuindo. Isso é mais que qualificação profissional; é injetar nova energia, experiência e senso de comprometimento público em uma máquina administrativa que conta com 7.472 servidores ativos na administração direta.

Fico feliz em ver que essa visão de investimento no capital humano se espalha e se moderniza pelo país. No Recife, a prefeitura firmou uma parceria exemplar com o Instituto Trajetórias, apoiado por fundações como a Lemann. Eles estão custeando mestrados internacionais em universidades de ponta, como Yale, nos Estados Unidos, e a University College London, no Reino Unido, para cerca de 30 servidores. É o reconhecimento de que o atendimento ao cidadão melhora exponencialmente quando o servidor tem acesso ao melhor conhecimento do mundo.

Aqui perto, no Rio de Janeiro, o Instituto Fundação João Goulart promove o "Festival Servidor". É uma ação brilhante que oferece mais de mil vagas em capacitações online e presenciais, focadas tanto em habilidades técnicas quanto comportamentais. Destaco o Seminário Mongaba, voltado para práticas antirracistas, mostrando que um serviço público moderno é, acima de tudo, inclusivo e humano.

Iniciativas como essas, de Saquarema ao Recife, passando pelo Rio, provam o ponto central: servidor público não é custo, é investimento. Quando o gestor entende que seu papel é equipar, ouvir e valorizar sua equipe, o resultado é sentido diretamente na ponta: na escola que funciona, no posto de saúde que acolhe e na cidade que avança. Uma gestão comprometida começa por valorizar quem, de fato, faz a cidade acontecer todos os dias. Esse é o caminho para a verdadeira eficiência governamental.