Publicado 16/02/2021 11:04
Rio - O Secretário Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Carlos Alberto Chaves, afirmou, nesta terça-feira, que não foi notificado pelos municípios sobre os três casos de falsa aplicação de vacinas contra covid-19. O secretário também informou que não há previsão de chegada dos novos lotes de imunizantes para a primeira dose, mas garantiu que a aplicação da segunda dose está mantida no estado.
"É um sentimento de tristeza. A que ponto chega a capacidade do ser humano, em uma situação de pandemia, tomar uma ação desse tipo. Isso é exatamente o que me preocupa. Me preocupa também a não ação imediata nos casos apurados. Eu fui notificado pela mídia. Em nenhum momento chegou uma notificação dos municípios atingidos", lamentou o secretário, em entrevista ao "Bom Dia Rio", da TV Globo.
Segundo Carlos Alberto, a ação contra a falsa aplicação de vacinas deve ser imediata e apurada pelos órgãos responsáveis.
"Outra coisa importante é a ação, tem que ser imediata. Os três casos que eu vi, em um deles, o técnico de enfermagem não tinha nenhuma condição de aplicação. Vi que o problema era realmente imperícia ou dolo. Mas também não posso pré julgar, quem tem que fazer o julgamento é a polícia, os órgãos de controle e órgãos de classe também, que é o Coren (Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro). Não podemos aceitar que isso continue uma coisa normal. Tem que ser apurada severamente para que não ocorra novamente."
"Vacina de vento"
Em Niterói, um dos casos aconteceu na última sexta-feira (12), no posto de vacinação drive-thru no Campus do Gragoatá na Universidade Federal Fluminense. A técnica de enfermagem inseriu a agulha, mas não empurrou o líquido. A família do idoso foi imediatamente contatada pela Secretaria Municipal de Niterói e uma visita foi agendada para o mesmo dia, no qual o médico e a enfermeira responsável realizaram a aplicação da vacina na casa do idoso. A técnica de enfermagem foi imediatamente afastada de suas funções.
Uma idosa de 94 anos recebeu a "vacina de vento" em Petrópolis, na última sexta-feira. No vídeo, a técnica de enfermagem aplica a seringa na idosa, no entanto, sem a dose do imunizante contra covid-19. As equipes fizeram contato com a família e a idosa foi vacinada no sábado (13).
A secretaria abriu procedimento interno de investigação para apurar a responsabilidade sobre o fato. Segundo informações da pasta, a técnica de enfermagem é contratada e foi imediatamente afastada e o caso foi levado ao Conselho Regional de Enfermagem, que abriu investigação interna. A técnica de enfermagem se apresentou, nesta segunda-feira (15), à secretaria. Ela garantiu que não percebeu o problema e assegurou que não foi intencional, mas sim um problema com a seringa.
Outro caso de falsa aplicação da dose da vacina aconteceu na capital fluminense. Um idoso foi ao posto drive-thru do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, para receber a dose do imunizante, mas o profissional de saúde, inicialmente, não aplicou a dose. Após uma notificação de outra pessoa da equipe, o profissional aplica a vacina corretamente. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio de Janeiro, houve uma intercorrência na aplicação da dose, que foi imediatamente resolvida.
Campanha de vacinação interrompida na cidade do Rio
Após o anúncio da interrupção da vacinação na cidade do Rio de Janeiro, por falta de imunizantes, o secretário estadual disse que não há previsão de chegada dos novos lotes de vacina. "Eu não tenho nem notificação, nem menção de entrega de vacinas e isso é muito sério. Eu tenho garantia ao cidadão ou cidadã que tomou a primeira dose, que ele tome a segunda dose".
Segundo Chaves, a segunda dose deve ser distribuída para cidades até, no máximo, a próxima terça-feira (23). A aplicação da segunda dose será determinada pelos municípios. "A logística está pronta. Quando chegarem a vacinas, será entregue aos municípios o mais rápido possível".
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) solicitou, nesta segunda-feira (15), que a Secretaria Estadual de Saúde libere a utilização de 50 mil doses da Coronavac para continuar a campanha de vacinação no município. Estes imunizantes foram entregues à cidade na semana passada e ficariam guardadas por 28 dias, até serem utilizadas para a aplicação como segunda dose da vacina. Mas o secretário Carlos Alberto não aceitou o pedido.
"Não vou entregar a segunda dose enquanto não houver certeza da entrega de vacinas", disse.
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