Rio - Um mês após as fortes chuvas que assolaram a cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, moradores e comerciantes tentam se recuperar dos grandes estragos deixados pela tempestade, que resultou em 233 mortes, quatro desaparecidos e deixou 685 desabrigados.Nesta quarta-feira (16), o município completa 179 anos, e diferente dos anos anteriores, quando estaria se preparando para uma celebração, a cidade ainda apresenta diversos pontos de destruição e caminha para uma recuperação, tentando superar as perdas que sofreu.O Governo do Rio vai realizar uma missa pelas vítimas de Petrópolis nesta terça-feira (15), no Palácio Guanabara, às 17h, que será celebrada pelo bispo diocesano de Petrópolis, Dom Gregório Paixão e contará com a participação de Cláudio Castro. Durante a celebração, os bombeiros do Rio de Janeiro e de outros estados que auxiliaram no resgate das vítimas e na retirada dos destroços em Petrópolis vão ser homenageados e vão receber a Medalha Mérito Avante Bombeiro.\"Temos que ressaltar sempre o trabalho desses profissionais que não medem esforços pelo próximo. O trabalho do Corpo de Bombeiros é essencial para a nossa sociedade, e eu agradeço a todos aqueles que saíram de seus estados, deixaram suas famílias, para se juntar a essa ação tão importante\", ressaltou o governador. Desde 1932, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) começou a fazer medições, este foi o maior desastre natural já ocorrido na cidade. Eram esperados 250 milímetros de chuvas para todo o mês de fevereiro, mas em três horas, o acumulado chegou a 258,6 mm e, em 24 horas, o número subiu para 259,8 milímetros.Buscas por desaparecidosDepois de 30 dias de buscas por desaparecidos, quatro pessoas ainda não foram encontradas. Entre eles, três estavam nos ônibus que foram arrastados pela chuva para dentro do Rio Quintandinha. Lucas Ruffino da Silva, de 20 anos, Antônio Carlos dos Santos, de 56 anos, Heitor Carlos dos Santos, de 61 anos, e Pedro Henrique Braga Gomes da Silva, de 8 anos, seguem desaparecidos. Atualmente, as buscas são feitas por cerca de 60 militares do Corpo de Bombeiros nas áreas do Morro da Oficina, que foi um dos locais mais atingidos na cidade, e dos rios Piabanha, Palatinato e Quitandinha, onde há suspeitas de que estejam três dos desaparecidos.Desde a tragédia, já ocorreram 24 resgates de pessoas e 300 de animais que foram retirados dos escombros com vida. Para encontrar as vítimas soterradas, os agentes utilizam drones, cães farejadores e escavadeiras para conseguir chegar em locais de mais difícil acesso.Antônio Carlos, Heitor Carlos e Pedro Henrique Braga eram passageiros dos dois ônibus que acabaram sendo levados pela enxurrada. Vídeos que circulam pela internet mostram que muitos conseguiram deixar o coletivo, mas acabaram sendo carregados pela força da água.Pedro Henrique voltava da escola com a mãe quando a forte chuva caiu na cidade, eles tentavam se salvar, junto com outros passageiros, quando o coletivo foi arrastado. Ele aparece de mochila nas fortes imagens do resgate. Heitor Carlos e Antônio Carlos estavam voltando para casa no momento da tragédia e, apesar das buscas do bombeiros, com auxílio dos familiares, ainda não foram encontrados. Há suspeitas de que estejam enterrados no rio.Entre os desaparecidos, Lucas Ruffino é o único que estava no Morro da Oficina e pode estar no meio dos escombros que ainda restam no local. { \"currentSlide\": 0 } fotogaleria Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Marco Pereira/Agência O Dia Lojistas tentam se recuperarO comércio é um dos setores que tenta se reerguer da catástrofe. Com a desobstrução e limpeza das ruas, alguns lojistas já reabriram seus estabelecimentos e tentam lidar com o prejuízo. Na Rua Aureliano Coutinho, que fica na subida da Rua Teresa, por exemplo, a maior parte das lojas já está reaberta.De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de (Sicomércio), o prejuízo estimado de todo o comércio da cidade ultrapassa os R$ 100 milhões. Para tentar reverter a situação, o Sicomércio e os donos dos estabelecimentos iniciaram uma campanha de valorização do comércio local pelas redes sociais, com o objetivo de estimular o consumo de produtos e serviços oferecidos por empreendedores da cidade.A iniciativa usa a hashtag #comprelocal para mostrar aos consumidores que a escolha de adquirir produtos e serviços oferecidos na própria cidade ajuda a manter os empregos do setor e a economia girando durante a recuperação.Além disso, o governo estadual criou uma lei isentando o comércio atingido do pagamento do IPTU e abriu diálogo para concessão de linhas de crédito com taxas diferenciadas, através da Agência de Fomento do Estado do Rio (AgeRio) e da cooperativa Sicoob. A cidade não tem um levantamento de quantos comércios seguem fechados e quantos já conseguiram reabrir.Segundo o Governo do Estado, o valor de R$ 200 milhões foi disponibilizado em créditos no Programa Reconstruir Petrópolis para os negócio atingidos pela tragédia. Os recursos estão sendo oferecidos para autônomos, informais, microempreendedores individuais e micro e pequenas empresas. As linhas de crédito estão sendo operacionalizadas pela AgeRio e contam com taxa zero de juros e carência de até 12 meses para início do pagamento. Até o momento, de acordo com a agência, já foram feitas 16.340 solicitações de linhas de financiamento.Moradores recebem auxílio para se reerguer O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, anunciou nesta terça-feira (15) a compra de um prédio na Rua Floriano Peixoto, no Centro da Cidade, para abrigar 32 famílias vítimas da chuva. O imóvel, no valor de R$ 3,5 milhões, será adquirido com parte do recurso enviado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) – R$ 30 milhões no total e conta com 20 kitnets e 12 apartamentos. Assim que a compra for concluída o local, que será a nova moradia das famílias que estão nos pontos de abrigo, passará por limpeza da Comdep.\"Neste primeiro mês após as chuvas, trabalhamos dia e noite para retomar a normalidade do município e dar respostas, principalmente para garantir dignidade às vítimas da chuva. Com este imóvel, em área central do município, estamos ajudando a escrever um novo começo para essas 32 famílias\", concluiu o prefeito.Muitos dos petropolitanos perderam tudo, inclusive seus documentos. Como forma de facilitar a emissão de novos registros, o Governo do Rio, através do programa RJ para Todos, realizou 28 mil atendimentos em 19 dias, facilitando a emissão da documentação básica e oferecendo acolhimento social. Foram emitidos 2.393 documentos nos postos do Detran criados em Petrópolis - entre segundas vias de Carteira de Identidade, Carteira Nacional de Habilitação, Certidão de Nascimento e Certidão de Casamento, estas duas últimas em parceria com cartório do município.O governador também alterou as datas para o pagamento das duas parcelas restantes do IPVA de veículos com placa de Petrópolis, que foi prorrogado para agosto e setembro. A medida beneficia os donos de cerca de 60 mil veículos. Além disso, foi elaborado um projeto de lei com benefícios ligados ao ICMS e encaminhado por Cláudio Castro para a Alerj.Mais de 13 mil quilos de alimentos, 36 mil litros de água, 16 mil peças de roupas e 40 mil produtos de limpeza foram doados pelo governo aos moradores. Além disso, 2.971 famílias que ficaram desabrigadas após o temporal solicitaram aguardam o recebimento do Aluguel Social. A Prefeitura está realizando o cadastramento de famílias nos abrigos da cidade e nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras).O benefício, que deve começar a ser distribuído no início de abril, vai pagar o valor de R$ 1 mil, sendo R$ 800 pago pelo Governo do Estado e R$ 200 pelo município. O governo estadual também definiu por decreto que moradores de Petrópolis poderão acumular o SuperaRJ (auxílio financeiro destinado às pessoas cadastradas no CadÚnico ou que perderam o emprego durante a pandemia) com benefícios de complementação de renda federais ou municipais.Limpeza da cidadeNo ápice dos trabalhos de limpeza, 600 homens atuaram no município com quase 290 máquinas. Na ação, que envolveu as secretarias de Infraestrutura e Obras, Cidades, Ambiente e Agricultura, 31 pontos foram limpos e desobstruídos. Até o momento, mais de 60 mil toneladas de entulhos foram retiradas das ruas de Petrópolis.A Secretaria de Infraestrutura e Obras vem realizando sondagens e estudos de topografia em sete pontos que receberão as primeiras obras emergenciais. O governador liberou R$ 150 milhões para as intervenções que estão em andamento nos bairros Valparaíso, Castelânea, Morin e Centro. Até o momento, 29 vias da cidade, incluindo as que fazem ligação entre o Centro e os bairros, foram liberadas pela prefeitura. Equipes da Comdep e Secretaria de Serviços e Ordem Pública (SSOP) continuam trabalhando para que as vias que seguem interditadas possam ser reabertas. Alguns pontos que registraram deslizamentos durante a tragédia seguem com acesso restrito por questões de segurança.Transporte públicoA operação dos ônibus vem sendo normalizada à medida que as vias atingidas pelas chuvas são liberadas. Além disso, a Companhia Petropolitana de Transportes (CPTrans) vem trabalhando em medidas para melhorar a circulação dos ônibus na cidade. Uma das alternativas foi a criação de um corredor exclusivo para ônibus na Rua Washington Luiz, reduzindo o tempo de viagem dos passageiros que se deslocam entre a zona sul e o Centro.Pontos turísticos seguem fechadosSegundo a prefeitura, os pontos turísticos que administra não sofreram danos estruturais. A Turispetro trabalha para manter o setor ativo no terceiro, quatro e quinto distritos, que não foram afetados pela chuva forte. O Museu Casa de Santos Dumont e o Museu Casa do Colono, ambos sob administração pública, reabriram no último sábado (12).Saúde tem funcionamento parcialNo setor da saúde, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Centro e a Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Retiro, que precisou ser interditada, seguem sem previsão para retomada dos atendimentos. Segundo a Secretaria de Saúde, o Pronto Socorro Leônidas Sampaio, no Alto da Serra e das UPAs Cascatinha e Itaipava permanecem dando a devida assistência à população.O Hospital Municipal Nelson de Sá Earp (HMNSE) e as UBS, também seguem atuando com atendimento de urgência e emergência.