Empresária Tatiane Gomes denuncia ter sido agredida por dois homens em seu bar na Zona Sul do RioReprodução/Redes sociais
Dona de bar em Copacabana diz ter sido agredida com chutes e ofensas xenofóbicas por dois homens
Tatiane Gomes, proprietária de um estabelecimento de comida nordestina, teria sido chamada de 'paraíba marrenta, comedora de farinha' por um funcionário da Comlurb
Rio - Tatiane Gomes, proprietária do Bar da Tati, especializado em comida nordestina localizado em Copacabana, na Zona Sul do Rio, diz ter sido agredida com chutes e ofensas xenofóbicas por dois homens no último dia 20. A vítima registrou um boletim de ocorrência na 12ª DP (Copacabana), e a distrital está investigando o caso como injúria por preconceito, injúria e lesão corporal.
Segundo a empresária, os agressores, sendo um funcionário da Comlurb e o outro funcionário de uma boate, a assediaram no seu local de trabalho e ela pediu por respeito. Foi então que o funcionário da Prefeitura do Rio a chamou de "paraíba marrenta, comedora de farinha" e disse que os nordestinos vão para o Rio de Janeiro para trabalhar em restaurantes por um prato de comida.
Por meio de nota de repúdio na rede social do estabelecimento, a direção do Bar da Tati, também conhecido como Boteco Errejota, disse que o homem desferiu dois chutes contra Tati e intimidou o cozinheiro dizendo que ele era carioca e que ali era "sua área, quem mandava era ele". O boteco, além de oferecer comidas nordestinas, emprega majoritariamente mulheres. Esse fato teria motivado a agressão verbal contra o funcionário.
"Apesar de saber o quanto é difícil ser mulher, dona de bar e ter um bar com atendimento feito só por mulheres, que inclusive sofrem todos os dias tendo que impor o respeito que é para ser um dever e não uma imposição, é inaceitável qualquer tipo de preconceito, assédio ou agressão contra as mulheres e também atos xenofóbicos devido ao fato de serem do nordeste. Até porque todo mundo que trabalha aqui é nordestino com muito orgulho e quem não estiver disposto a respeitar, o ideal é que deixem de frequentar o Bar da Tati, pois aqui não será bem-vindo uma vez que nenhum tipo de preconceito será tolerado, seja pela a cor, orientação sexual ou pela origem", informou, em nota, o estabelecimento.
A empresária contou ainda que enfrentou problemas ao tentar registrar a ocorrência na 12ª DP (Copacabana). "Eu sofri na pele esses dias o que é uma sociedade altamente machista, a própria polícia não trata a mulher como vítima. O escrivão da delegacia totalmente despreparado e eu só queria que meu caso não fosse mais um, que o homem que me desrespeitou em meu trabalho não fizesse isso com outras mulheres e entendesse que trabalhar em bar, restaurante, atender bem, ser simpática não é estar de bandeja para homem cantar ou passar a mão. Chamar para sair, dizer palavras chulas ou ofensivas quando a mulher te diz não", desabafou Tatiane.
A dona do estabelecimento também aconselhou para que as mulheres assediadas não deixassem de procurar ajuda. "Por todas as mulheres que têm sua voz calada", finalizou.
A 12ª DP informou que os envolvidos já foram ouvidos e que a investigação está em andamento.
Comlurb acompanha as investigações
A Comlurb lamentou o ocorrido e iniciou um procedimento de apuração de denúncia contra um dos seus funcionários. Disse ainda que foi constatado inicialmente que o homem envolvido na ocorrência não estava em horário de trabalho ou uniformizado. "A Companhia dará continuidade ao processo internamente enquanto aguarda o desenrolar das investigações policiais para tomar as providências adequadas", disse por meio de nota.
Leia a nota na íntegra:
"A Comlurb informa que a Companhia lamenta o ocorrido e reforça que não compactua com esse tipo de atitude. A Companhia orienta todos os funcionários em relação ao comportamento adequado em horário de trabalho, conforme regras do Código de Conduta e Integridade. O caso está sendo tratado pela equipe de Compliance, que iniciou um procedimento de apuração de denúncia. Foi constatado preliminarmente que a pessoa envolvida não estava em horário de trabalho ou uniformizada. A Companhia dará continuidade ao processo internamente enquanto aguarda o desenrolar das investigações policiais para tomar as providências adequadas."
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