Publicado 08/02/2023 11:22
Rio - A forte chuva que castigou o Rio na última terça-feira (7), além de ter causado destruição e prejuízos, também proporcionou cenas inusitadas e assustadoras de jacarés nadando pelas ruas da Curicica, Zona Oeste do Rio, e de Manguinhos, na Zona Norte, áreas da cidade que ficaram inundadas. Moradores dos bairros registraram o momento da visita dos animais e os vídeos viralizaram nas redes sociais.
Na Curicica, onde ocorreu o maior susto, um jacaré adulto foi visto enquanto nadava pelas vias da região, para desespero de moradores que filmavam enquanto se abrigavam da enchente, nos andares de cima das casas.
Em outro local, que não estava totalmente inundado, mais um animal foi visto andando pelo lamaçal até encontrar um bolsão de água para poder continuar o trajeto a nado.
"Aqui nessa região, até no Recreio, Barra, Jacarepaguá em geral, é normal ver jacaré até quando não chove, mas sempre bate aquele medo, ainda mais durante uma enxurrada", contou Thiago da Silva, auxiliar administrativo, de 36 anos, morador da Curicica.
Ele contou que presenciou o momento em que os animais passavam pela rua onde mora, que acabou se transformando em um rio devido ao volume de água.
"Claro que não é o tempo todo, mas a gente vive do lado dos bichos, temos que aprender a conviver. Ontem eu vi passando uns dois durante a chuva, pois a rua parecia um rio. Para eles, não deve ter nem tido diferença, deve ter sido um rio novo para eles explorarem. A gente é que passa essa barra, de ter a rua transformada em um rio por falta de saneamento e ação do poder público", desabafou.
Na Curicica, onde ocorreu o maior susto, um jacaré adulto foi visto enquanto nadava pelas vias da região, para desespero de moradores que filmavam enquanto se abrigavam da enchente, nos andares de cima das casas.
Em outro local, que não estava totalmente inundado, mais um animal foi visto andando pelo lamaçal até encontrar um bolsão de água para poder continuar o trajeto a nado.
"Aqui nessa região, até no Recreio, Barra, Jacarepaguá em geral, é normal ver jacaré até quando não chove, mas sempre bate aquele medo, ainda mais durante uma enxurrada", contou Thiago da Silva, auxiliar administrativo, de 36 anos, morador da Curicica.
Ele contou que presenciou o momento em que os animais passavam pela rua onde mora, que acabou se transformando em um rio devido ao volume de água.
"Claro que não é o tempo todo, mas a gente vive do lado dos bichos, temos que aprender a conviver. Ontem eu vi passando uns dois durante a chuva, pois a rua parecia um rio. Para eles, não deve ter nem tido diferença, deve ter sido um rio novo para eles explorarem. A gente é que passa essa barra, de ter a rua transformada em um rio por falta de saneamento e ação do poder público", desabafou.
Mesmo nesta quarta-feira (8), um dia após o temporal, diversos pontos da cidade ainda estavam alagados e um jacaré ainda precisou ser retirado das vias do bairro pelo Corpo de Bombeiros.
De acordo com a corporação, uma equipe do quartel de Jacarepaguá foi acionada às 8h44, para uma ocorrência de captura de animal, na Rua Vila Aurora, 65. Depois de resgatado, o réptil foi devolvido para a natureza.
Já em Manguinhos, o caso aconteceu na comunidade da Nova Holanda, onde um menino conseguiu retirar da água um jacaré filhote, surpreendendo a todos que acompanhavam a façanha da criança.
Nas redes sociais, o vídeo dividiu opiniões pelo animal ser um filhote e usuários discutiram se é correto mexer ou não nos jacarés durante situações assim.
"Coitado do bichinho... A mãe devia estar por perto. Era melhor não ter pego...", comentou uma internauta. "Pobrezinho do animal", lamentou outra. "Desde pequeno já fazendo besteira. Depois toma uma mordida e ainda quer matar o bicho", reprimiu um perfil.
Outros cariocas aproveitaram o momento para relembrar problemas enfretados por quem vive na cidade e fazer piadas sobre as visitas inusitadas que a enchente proporcionou.
"O Rio de Janeiro não é para amadores mesmo. No dia a dia é tiroteio e, quando chove, além de torcer pra não morrer afogado ou num deslizamento você ainda corre risco de, no meio da enchente, dar de cara com jacaré. Está show", desabafou uma usuária.
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Nas redes sociais, o vídeo dividiu opiniões pelo animal ser um filhote e usuários discutiram se é correto mexer ou não nos jacarés durante situações assim.
"Coitado do bichinho... A mãe devia estar por perto. Era melhor não ter pego...", comentou uma internauta. "Pobrezinho do animal", lamentou outra. "Desde pequeno já fazendo besteira. Depois toma uma mordida e ainda quer matar o bicho", reprimiu um perfil.
Outros cariocas aproveitaram o momento para relembrar problemas enfretados por quem vive na cidade e fazer piadas sobre as visitas inusitadas que a enchente proporcionou.
"O Rio de Janeiro não é para amadores mesmo. No dia a dia é tiroteio e, quando chove, além de torcer pra não morrer afogado ou num deslizamento você ainda corre risco de, no meio da enchente, dar de cara com jacaré. Está show", desabafou uma usuária.
Especialista explica o fenômeno
Para Albedi Junior, biólogo, mestre e doutor pela URFJ em herpetologia, área dedicada a estudar répteis, e pesquisador do Museu Nacional, o fenômeno é comum nos bairros onde os jacarés foram vistos, devido a presença de pântanos, o habitat natural dos animais, em ambas as regiões.
"Os jacarés aparecerem nessa região é algo frequente porque ali há uma abundância de jacarés de papo amarelo, que vivem nas áreas de pantanos. Os jacarés são animais semiaquáticos, que passam boa parte do seu tempo de vida em água, então naturalmente eles acabam invadindo e aparecendo nas ruas da cidade, principalmente nessas regiões de Jacarepaguá e Manguinhos onde há essa abundância", explicou.
O especialista chamou atenção para os problemas da interação da população com os jacarés, que pode fazer com que os animais se acostumem com áreas urbanas e tenham sua saúde drasticamente afetada.
"Existe uma problemática porque esses animais são alimentados pela população nessas áreas e acabam convivendo em áreas urbanas, em contato com água suja, o que prejudica muito a saúde desses jacarés. A população, na melhor das intenções, alimenta esses animais, que são territorialistas, e eles começaram a associar essas áreas com alimentação, principalmente nessa época em que eles estão em fase de reprodução", alertou.
Albedi explicou que, nos casos em que uma pessoa se depara com um jacaré, o procedimento correto a ser feito é não interagir com o animal e acionar profissionais adequados para devolvê-lo ao lugar de origem na natureza.
"A melhor coisa a se fazer, quando ver um jacaré, não é alimentar, mas ligar para o Corpo de Bombeiros ou o Instituto Jacarés, instituições que possuem profissionais preparados para fazer o manejo e a remoção dos animais dessas áreas, os encaminhando para o habitat natural deles", finalizou.
Tristeza em todo o estado
O temporal que atingiu o estado do Rio na última terça-feira (7) provocou a morte de duas pessoas e causou estragos em diversos municípios, com registros de alagamentos, inundações, desabamentos, deslizamentos e quedas de árvores.
A região da Zona Norte da capital foi a mais afetada e registrou os maiores acumulados de chuva. Em Del Castilho, parte do teto do shopping Nova América desabou.
"Os jacarés aparecerem nessa região é algo frequente porque ali há uma abundância de jacarés de papo amarelo, que vivem nas áreas de pantanos. Os jacarés são animais semiaquáticos, que passam boa parte do seu tempo de vida em água, então naturalmente eles acabam invadindo e aparecendo nas ruas da cidade, principalmente nessas regiões de Jacarepaguá e Manguinhos onde há essa abundância", explicou.
O especialista chamou atenção para os problemas da interação da população com os jacarés, que pode fazer com que os animais se acostumem com áreas urbanas e tenham sua saúde drasticamente afetada.
"Existe uma problemática porque esses animais são alimentados pela população nessas áreas e acabam convivendo em áreas urbanas, em contato com água suja, o que prejudica muito a saúde desses jacarés. A população, na melhor das intenções, alimenta esses animais, que são territorialistas, e eles começaram a associar essas áreas com alimentação, principalmente nessa época em que eles estão em fase de reprodução", alertou.
Albedi explicou que, nos casos em que uma pessoa se depara com um jacaré, o procedimento correto a ser feito é não interagir com o animal e acionar profissionais adequados para devolvê-lo ao lugar de origem na natureza.
"A melhor coisa a se fazer, quando ver um jacaré, não é alimentar, mas ligar para o Corpo de Bombeiros ou o Instituto Jacarés, instituições que possuem profissionais preparados para fazer o manejo e a remoção dos animais dessas áreas, os encaminhando para o habitat natural deles", finalizou.
Tristeza em todo o estado
O temporal que atingiu o estado do Rio na última terça-feira (7) provocou a morte de duas pessoas e causou estragos em diversos municípios, com registros de alagamentos, inundações, desabamentos, deslizamentos e quedas de árvores.
A região da Zona Norte da capital foi a mais afetada e registrou os maiores acumulados de chuva. Em Del Castilho, parte do teto do shopping Nova América desabou.
Outros pontos da cidade sofreram transtornos, como os alagamentos no Sambódromo e no barracão de G.R.E.S São Clemente, a apenas dez dias dos desfiles das escolas de samba, além de bolsões d'água e quedas de árvores.
Também foram registrados transbordos dos rios Engenhoca, em Niterói; Alcântara e da Aldeia, em São Gonçalo; São Pedro, em Macaé, além do ribeirão São José, em Bom Jardim.
As vítimas das fortes chuvas são uma menina de apenas 2 anos, na capital fluminense, e um homem de 27 anos, em Saquarema, na Região dos Lagos.
O município do Rio permanece em estágio de mobilização nesta quarta-feira (8), por conta da previsão de novas pancadas de chuva moderadas a fortes. Já Saquarema continua em estado de emergência.
As vítimas das fortes chuvas são uma menina de apenas 2 anos, na capital fluminense, e um homem de 27 anos, em Saquarema, na Região dos Lagos.
O município do Rio permanece em estágio de mobilização nesta quarta-feira (8), por conta da previsão de novas pancadas de chuva moderadas a fortes. Já Saquarema continua em estado de emergência.
Militares do Corpo de Bombeiros atuaram em mais de 240 ocorrências desde às 17h de terça-feira, sendo 102 de alagamentos e inundações; 66 salvamentos de pessoas presas ou ilhadas; e 45 cortes de árvores.
Um dos salvamentos aconteceu no bairro do Jardim Catarina, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Uma mãe e um bebê ficaram ilhados depois que o Rio Alcântara transbordou.
O governador do Rio usou as redes sociais para informar que o estado está em alerta por conta das fortes chuvas que atingem várias regiões e que as equipes da Defesa Civil "estão de prontidão para acompanhar de perto as necessidades dos municípios".
Cláudio Castro também disse que conversou com os prefeitos Eduardo Paes, Maira Branco Monteiro, de Silva Jardim, e Capitão Nelson, de São Gonçalo, para reiterar o suporte. "Peço às pessoas que evitem sair de casa. E para aquelas que estão nas ruas que fiquem em lugares seguros. O momento é de atenção e cautela", escreveu.
*Matéria do estagiário Jorge de Mello, sob supervisão de Iuri Corsini
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