Rota cicloviária no Centro do Rio Alexandre Macieira/Prefeitura do Rio/Divulgação

Rio – A Prefeitura do Rio lançou, nesta quinta-feira (9), um plano de expansão cicloviária batizado de ClicloRio, e pretende mais do que dobrar a extensão da rede existente, facilitando o acesso dos ciclistas aos centros de bairros, a outras redes de transportes e a equipamentos urbanos como escolas e hospitais.
A rede cicloviária do Rio de Janeiro chegou a 457,6 km de extensão. A prefeitura almeja ampliar esse número e chegar a uma infraestrutura com 1.095 km – sendo 605 km de uma rede estrutural, que liga as diferentes regiões da cidade, e 490 km complementares, que permitirão deslocamentos dentro de uma própria região.
Com a implementação do novo plano, 100% das estações de transporte de média e alta capacidade (BRT, VLT, trem, metrô e barcas) devem ser acessíveis por bicicleta até o final de 2024 – a rede atual chega apenas a 44,1% delas. Além disso, 60% da população passará a morar perto de uma ciclovia, número maior em relação aos 15,8% atuais.
"Nas novas estações de BRT, sejam as que estamos construindo ou reformando, teremos bicicletários para conectar os meios de transporte. Também trouxemos de volta o trabalho de manutenção das ciclovias, várias estão sendo recuperadas. O uso das bicicletas, além do impacto no trânsito, traz saúde e ajuda o meio ambiente", afirmou o prefeito Eduardo Paes.
Outros pontos de destaque são o acesso a escolas e hospitais. Hoje, apenas 15,6% das instituições de ensino e 20,6% das unidades de saúde são atendidas pela malha cicloviária, números que, caso o plano seja cumprido, aumentarão para 64,2% e 72% respectivamente.
Em entrevista ao jornal O DIA, o fundador da Comissão de Segurança no Ciclismo da Cidade do Rio de Janeiro (CSC-RJ), Raphael Pezos, destacou que o plano é uma conquista da população.
"Em fevereiro de 2021, ciclistas de todas as regiões do Rio elaboraram um documento e entregaram à Prefeitura. Desde então aconteceram várias reuniões para chegarmos nesse plano. Isso é uma conquista nossa, da população, e deve ser comemorada. Não só a questão da expansão, mas também a garantia da manutenção da malha já existente", disse ele.
Cerca de 150 pessoas compareceram às oficinas e encontros presenciais realizados para discutir o projeto. Além disso, foi feita uma oficina com entregadores que utilizam a bicicleta como instrumento de trabalho, grupo que pode apresentar percepções diferentes e sugestões importantes para a melhoria da rede cicloviária. Outro ponto de engajamento da população foi a realização de uma pesquisa virtual, que contou com a contribuição de 2.782 pessoas.
"O maior ganho foi fazer a prefeitura entender que, para o plano dar certo, o tema bicicleta tem que estar muito bem difundido em todas as secretarias municipais, porque ele basicamente envolve todas elas. O plano apresentado é metade do caminho andado, agora ele existe, está oficializado. O próximo passo é cobrar que ele saia do papel", acrescentou Raphael, ressaltando, no entanto, que o aumento da malha cicloviária não altera a posição do meio de transporte em relação às vias públicas.
"A bicicleta é um veículo de propulsão humana garantido pelo Código de Trânsito Brasileiro. Ou seja, a infraestrutura cicloviária é fundamental para garantir a integridade física do ciclista, mas é essencial que, junto ao plano, se invista em campanhas de conscientização de que o lugar da bicicleta é também na via pública. Ela está prevista no código, tem o direito de estar lá, e o ciclista é o elo mais frágil na via", completou o fundador da CSC-RJ.
Primeiras ações
A previsão da Prefeitura é de que 64 estações de média e alta capacidade sejam conectadas já em 2023, com rotas sendo priorizadas de acordo com as demandas apresentadas no plano.
Em 2022, já foram implantados 30 km de novas ciclofaixas e clicorrotas, distribuídas pelas cinco áreas de planejamento da cidade, que conectam 55 estações e 18 bairros.