Corpo da vítima estava coberto na Rua Comendador Pinto, em CampinhoReprodução

Rio - Um homem foi morto a tiros na tarde desta quinta-feira (9) em Campinho, na Zona Norte do Rio. Diversos confrontos vem acontecendo na região nos últimos meses e o motivo seria a disputa da milícia contra traficantes pelo controle territorial. A vítima foi identificada como Rafael Miguel da Silva. 
As primeiras informações apontam que a vítima seria um mototaxista que trabalhava pelo bairro. Suspeitos dentro de um carro teriam passado por onde o homem estava e atirado. Por causa dos ferimentos, ele não resistiu. Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram ambulâncias do Corpo de Bombeiros na Rua Comendador Pinto com um corpo coberto na calçada. 
Segundo a Polícia Militar, agentes do 9º BPM (Rocha Miranda) foram acionados para atender uma ocorrência de disparos de arma de fogo no bairro. No endereço, constataram o homem caído ao solo. Os agentes isolaram o local e acionaram a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) para realização de uma perícia.
Questionada sobre a investigação, a Polícia Civil informou que a DHC instaurou um inquérito para a apurar a morte do homem. A pericia foi feita no local e agentes realizam diligências a fim de apurar a autoria do crime.
Moradores do Campinho realizaram um protesto na noite desta quinta-feira (9) na Avenida Ernani Cardoso, na altura do Guanabara. O motivo seria a morte de Rafael. Os manifestantes colocaram fogo em um ônibus para interromper o trânsito de veículos no local.
De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), duas faixas da via foram bloqueadas. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros atuam no local.
Clima de guerra
A Polícia Militar realizou, nesta quinta-feira (9), uma operação contra o crime organizado nos Morros do Campinho e do Fubá, entre os bairros de Cascadura, Quintino e Campinho, na Zona Norte do Rio. Há cerca de um ano, as comunidades vivem uma rotina de medo por conta da violência provocada pela guerra entre facções rivais pelo controle da região. Um homem, suspeito de participação em confronto, foi encontrado morto.
Segundo a PM, equipes do 9º BPM (Rocha Miranda) e do 2º Comando de Policiamento de Área (2CPA) atuaram nas comunidades para remover obstáculos das vias, coibir a movimentação de criminosos e para recuperar veículos roubados. Até o momento, não houve registro de prisões ou apreensões.
Na Rua Pinto Teles, os militares encontraram um homem atingido por disparos de arma de fogo em um apartamento, suspeito de participação em confronto. O suspeito não resistiu. Na ação, uma pistola foi apreendida pelos policiais.
Criminosos do Terceiro Comando Puro (TCP) teriam se aliado aos milicianos que dominam parte dos Morros do Fubá e do Campinho para expulsar os traficantes do Comando Vermelho (CV) que também atuam na região. Desde o ano passado, as comunidades vem sofrendo com constantes confrontos, por conta da disputa entre integrantes do CV com a milícia do Tico e Teco.
O grupo paramilitar é chefiado pelos irmãos Leonardo Luccas Pereira, o Leléo ou Tico, e Diogo Luccas Pereira, o Teco ou Playboy, que está preso desde 2020. Os morros eram comandado por eles, mas a traição de um membro da milícia facilitou a invasão dos traficantes, então liderados por Rafael Cardoso do Valle, o Tio Baby, que era gerente do Morro do Dezoito e responsável por comandar a expansão e a retomada da facção nas comunidades do Rio. Em janeiro deste ano, uma operação programada da Polícia Militar resultou na morte do criminoso.
Especialista analisa cenário
Para o Presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina e da Comissão de Segurança Pública da Associação Nacional de Imprensa, o professor José Ricardo Bandeira, de 56 anos, a maior causa desse aumento na disputa de territórios no Rio de Janeiro é o enfraquecimento da milícia em áreas onde antes prevalecia.

"Sem dúvida a pandemia certamente teve uma interferência direta ocasionando essa aparente calmaria em relação ao confronto entre as facções, paralelo a isso tivemos algumas ações por parte do governo do estado que de alguma forma enfraqueceu a atuação das milícias na zona oeste, tornando o território propício para a expansão das facções criminosas, tendo em vista que por falta de uma política de segurança pública não foram implementadas medidas para conter essa situação que já era prevista", explicou.