Orquestra Sinfônica Brasileira: músicos prestarão mentoria aos ingressantes na OSB JovemZo Guimarães/Divulgação

Rio - Depois de 11 anos, a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) reativa a sua principal iniciativa para a profissionalização de novos músicos, a OSB Jovem. Após ter sido extinta em 2012, ela agora retoma as atividades a partir de critérios de seleção que apostam na diversidade para a formação de uma orquestra plural. As 51 vagas disponíveis, em todos os naipes de instrumentos, são voltadas prioritariamente para negros, indígenas, mulheres, público LGBTQIAP+, pessoas com deficiência e de baixa renda, entre 16 e 30 anos.
"A OSB Jovem ressurge como uma ação fundamental para que a Fundação OSB possa concretizar importantes agendas sociais. Sabemos que o universo sinfônico sofre com uma grande falta de diversidade, principalmente nos palcos. Com a OSB Jovem, queremos construir pontes para um futuro mais plural", diz Ana Flávia Cabral, vice-presidente executiva da Fundação OSB.
O edital de seleção está disponível no site osb.com.br, com inscrições até o dia 23 de abril. Para participar, é preciso ter instrumento próprio, com exceção dos músicos de percussão. O processo seletivo envolve audições presenciais entre os dias 8 e 12 de maio, no Rio de Janeiro. Os ensaios terão início no dia 22 e as apresentações, em junho, a partir de uma agenda própria.
"Para participação no processo seletivo e audições, os candidatos deverão executar um repertório previsto no edital, que pressupõe um determinado nível técnico adquirido em vivências educacionais em escolas de música ou projetos sociais de educação musical", explica Ana Flávia.

Ao ingressarem, os jovens músicos terão oportunidade de aperfeiçoar a técnica instrumental em ensaios semanais com o acompanhamento do maestro da orquestra e mentoria dos músicos da OSB, como o trompetista Nilson Coelho, de 46 anos, que iniciou sua carreira profissional na OSB Jovem, no fim dos anos 1990.
Para ele, orquestras de formação como a OSB Jovem são fundamentais não só para conhecer a dinâmica de funcionamento de um conjunto sinfônico, mas também para aprimorar aspectos relacionados à convivência.
"Em uma orquestra há pessoas de diferentes origens, orientações religiosas e por aí vai. Para que ela soe bem, é necessário que todos atuem em conjunto, um respeitando o outro, o momento e o instrumento do outro. O trompete, por exemplo, é mais poderoso em termos de projeção de som do que um violino. Eu tenho que aprender a me colocar para fazer ele soar de uma forma adequada, sem me sobrepor ao meu colega", diz Nilson, que começou a tocar em uma igreja evangélica em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, onde foi criado.
Já o clarinetista Thiago Tavares, de 42 anos, é de Niterói e também ingressou na Orquestra Sinfônica Brasileira a partir da OSB Jovem, da qual começou a fazer parte aos 18 anos. Ele acredita que a retomada do conjunto supre uma lacuna de poucas oportunidades de formação musical e pode contribuir para que surja uma nova geração de instrumentistas:
"A OSB Jovem motiva muito o músico iniciante. E também é uma forma de afirmação para os próprios pais, que às vezes não têm a menor ideia do que seja essa carreira".
Bolsa-auxílio e vale-transporte
Os aprovados no edital da OSB Jovem serão anunciados no dia 15 de maio. Eles terão direito a uma bolsa-auxílio no valor de R$ 1,3 mil mensais e vale-transporte. Segundo Ana Flávia, a proposta é que os novos integrantes possam ter contato também com outras áreas de atuação da OSB profissional, como as de arquivo, produção e administração:
"O objetivo é despertar o interesse dos jovens pelas diferentes frentes de atuação profissional dentro da instituição. Isso porque há casos de músicos que fizeram parte da OSB Jovem que atuam hoje em áreas do segmento orquestral exercendo outras funções para além de músicos".