Rio - A Prefeitura do Rio anunciou, nesta quarta-feira (12), que tomou posse da área da antiga Universidade Gama Filho, na Zona Norte, para a construção do Parque Piedade no local. O espaço, de aproximadamente 18 mil metros quadrados, estava abandonado desde 2014 e, ainda em 2021, a administração municipal começou o processo de desapropriação dos imóveis do terreno, que conta com 15 prédios.
O anúncio foi feito pelo prefeito Eduardo Paes. "Parque da Piedade GAMA FILHO!!! Depois de muito tempo de discussão sobre a desapropriação da área da antiga Gama Filho na Piedade, conseguimos nos últimos dias uma decisão favorável da justiça para tomarmos posse da área destinada à implantação do Parque! Levou mais tempo do que gostaríamos mas, em razão dos imóveis estarem sobre administração judicial, as coisas ficam mais complexas. Devemos até semana que vem publicar a licitação para implantação do Parque e iniciar as obras no segundo semestre, requalificando essa importante área da Zona Norte! Vai ficar incrível", disse ele no Twitter.
Parque da Piedade GAMA FILHO!!! Depois de muito tempo de discussão sobre a desapropriação da área da antiga Gama Filho na Piedade, conseguimos nos últimos dias uma decisão favorável da justiça para tomarmos posse da área destinada à implantação do Parque! Levou mais tempo do que… pic.twitter.com/m9iVkAXL83
O projeto do Parque Piedade, que será feito nos moldes do Parque Madureira, prevê área molhada infantil, de convivência e serviços; espaços de lazer para crianças e cães; academia da terceira idade; horta urbana; campo de futebol; pista de skate; além de espaço cultural. Em uma parceria com a Fecomércio, a Prefeitura pretende aproveitar as áreas esportivas, o teatro e a piscina da universidade, como forma de manter a vocação educacional do local.
Além disso, a proposta fala ainda na revitalização de toda a região, com melhorias de pavimentação, sinalização, iluminação, paisagismo, rampa de acessibilidade na estação de trem da Piedade, pela Rua Goiás, e ciclovia na Rua Manoel Vitorino. A Rua da Capela, onde fica a Capela Nossa Senhora da Piedade, tombada pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), em 1996, devido a sua importância arquitetônica, histórica e cultural, também será contemplada.
"Já tínhamos depositado em juízo R$ 45 milhões pelas desapropriações dos imóveis. Mesmo assim, não conseguíamos o direito de começar a construir o parque. Vamos fazer a licitação ainda neste mês. E não só o Parque, mas faremos a requalificação do entorno, resolvendo também a questão dos alagamentos que atormentam a região", complementou o subprefeito da Zona Norte, Diego Vaz.
Símbolo da Zona Norte
A universidade foi fundada em 1951 pelo ministro Luiz Gama Filho e, ao longo das décadas seguintes, se tornou uma das mais renomadas instituições de ensino superior privadas, chegando a ter a maior faculdade de medicina do país e sendo reconhecida pela atuação poliesportiva. A instituição permaneceu sendo administrada pela família Gama Filho com o passar do tempo. Entretanto, a universidade começou a enfrentar problemas financeiros, com divídas de mais de R$ 200 milhões com fornecedores, funcionários e o governo. Dessa forma, o então presidente da instituição, Paulo César Prado Ferreira da Gama, decidiu, em 2010, passar o controle para seu advogado Márcio André Mendes Costa, que criou o Galileo Educacional para reestruturar a Gama Filho.
Na administração do grupo, a universidade recebeu investimentos milionários dos fundos de pensão da Postalis, dos Correios, e da Petros, da Petrobras, além de empréstimos bancários. O Galileo ainda incorporou à sua administração a UniverCidade que também enfrentava problemas financeiros. Nesta gestão, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) chegaram a ser contratados para aulas do curso de Direito, ao passo que outros professores e funcionários eram demitidos.
Em 2012, a instituição também encerrou o contrato com o hospital onde alunos de medicina faziam aulas práticas. Com problemas na estrutura, o Ministério da Educação diminuiu o número de vagas por vestibular e, em 2013, instaurou um processo administrativo contra a Gama Filho, impedindo que novos estudantes se matriculassem. No ano seguinte, a universidade fechou as portas, ao ser descredenciada pela baixa qualidade acadêmica, comprometimento da situação econômico-financeira e falta de um plano de resolução.
Dois anos depois, em 2016, a Justiça do Rio decretou a falência do Galileo, após negar o pedido de recuperação judicial feito pelo grupo, que não recorreu. Desde então, a massa falida ficou sob a responsabilidade de administradores judiciais, até que, em abril do último ano, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, publicou no Diário Oficial um decreto que declarava a utilidade pública, para fins de desapropriação, de 35 endereços ligados à Gama Filho. À época, a massa falida descreveu a medida como benéfica para a comunidade e para os credores prejudicados.
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