Aula sobre São Jorge será ministrada pelo professor Luiz Antonio Simas no coreto da Praça Quintino de BocaiúvaArquivo/ Agência O Dia

Rio - Há mais de dez anos o historiador Luiz Antonio Simas leva às ruas, botequins e praças aulas públicas sobre o Rio de Janeiro. Para ele, a capital é "fundamentalmente uma cidade de rua". Essa concepção conduz uma série de três eventos realizados pela Subprefeitura da Zona Norte e pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio: o projeto "Coretos - a história nas ruas". As aulas serão conduzidas pelo historiador e autor de "O corpo encantado das ruas" e "Arruaças: uma filosofia popular brasileira", para ficar em dois exemplos.
O primeiro evento será no próximo domingo às 11h no coreto da Praça Quintino Bocaiúva. O tema da aula será "Jorge, um Carioca", numa alusão a São Jorge, cuja igreja-matriz está localizada exatamente no bairro de Quintino. O santo guerreiro, afirma Simas, apesar de ser da Capadócia, que pertencia ao Império Romano, se transformou em um santo mundial. "É o padroeiro da Inglaterra, da Catalunha, da Etiópia, da Rússia, da Sérvia, da Geórgia, é um negócio impressionante", enumera o historiador e escritor.

A maior festa ao santo da América Latina acontece no bairro da Zona Norte do Rio. "Eu acho que São Jorge está muito ligado à devoção carioca sobretudo porque ele é o santo guerreiro. Ele é aquele santo que te ajuda nos perrengues do dia a dia. É um santo do cotidiano, é muito próximo. Então de certa maneira, ele é o santo da rua, e eu repito: a nossa cidade é uma cidade construída pela rua", conta Simas.
Aula sobre São Jorge será ministrada pelo professor Luiz Antonio Simas no coreto da Praça Quintino de Bocaiúva - Arquivo/ Agência O Dia
Aula sobre São Jorge será ministrada pelo professor Luiz Antonio Simas no coreto da Praça Quintino de BocaiúvaArquivo/ Agência O Dia


O projeto Coretos busca as praças do subúrbio para restabelecer a tradição de espaço de convívio, cultura e encontro. Os assuntos das aulas foram escolhidos pela relevância do tema para cada território. O primeiro será uma espécie de abertura informal dos festejos de Jorge, celebrado no domingo seguinte (23).
"A devoção de São Jorge é suburbana. São Jorge consegue ser padroeiro da polícia e ao mesmo tempo do apontador do jogo do bicho. São Jorge é o protetor dos botequins. Eu acho que é isso que faz de São Jorge, um carioca", afirma.

Passada a primeira aula no próximo domingo (16) em Quintino, a próxima parada será no coreto da Praça Catolé do Rocha, em Vigário Geral, com o tema "As 11 Estrelas da Leopoldina" no dia 7 de maio. "Falar da Leopoldina em Vigário Geral é muito significativo e está muito vinculado ao título da Imperatriz Leopoldinense. A Imperatriz é a escola da Leopoldina e a gente aproveita essa situação para falar da cultura da Zona da Leopoldina", adianta o professor.

A terceira aula da série, no dia 4 de junho, será no coreto do Jardim do Méier. Em um dos corações do subúrbio, como lembra Simas, o projeto vai discutir a sociabilidade a partir dos clubes. "A gente quer falar da amplitude dos clubes sociais frequentados pelas famílias suburbanas. Tinha os bailes, os domingos dançantes, os times de futebol de salão, feijoada, roda de samba. Essa tradição de clubes de subúrbio é muito forte", ressalta.
O subprefeito da Zona Norte, Diego Vaz, afirmou que um dos objetivos do projeto é devolver ao subúrbio o ambiente que lhe era tradicional. " Costumo dizer que, entre tantas coisas que temos de fazer pela Zona Norte, uma das principais é resgatar o orgulho de ser suburbano. O projeto Coretos se encaixa bem nisso, pois nos faz retomar uma cultura que é tipicamente nossa, de ocupação da rua, das famílias e da cadeira e isopor na calçada", ressalta Vaz.

Programe-se:

16 de abril, às 11h - "Jorge, um Carioca" - Coreto da Praça Quintino Bocaiúva, em Quintino
7 de maio - "As 11 Estrelas da Leopoldina", Vigário Geral
4 de junho - "Clubes Suburbanos", no Méier