O taxista Rogério Maciel Gomes, de 50 anos, é enterrado sob um arco-íris, no Cemitério Murundu, em Padre MiguelCleber Mendes / Agência O Dia

Rio – Parentes e amigos de Rogério Maciel Gomes, de 50 anos, taxista morto em um acidente de carro na Barra da Tijuca, Zona Oeste, na última quinta-feira (13), se despediram no Cemitério Murundu, em Padre Miguel, na Zona Norte, neste sábado (15), em clima de tristeza.
Um arco-íris apareceu no céu no momento do cortejo e do sepultamento. Roger, filho da vítima, chorou emocionado durante toda a cerimônia, ao lado do caixão do pai.
Motoristas de táxis da cooperativa que Rogério trabalhava e também de outras cooperativas fizeram uma fila de táxis dentro do cemitério, em frente ao velório do corpo, em homenagem ao amigo.
Marco Aurélio Sobrera, de 52 anos, amigo da vítima, é taxista na cooperativa que Rogério era filiado. Em entrevista ao DIA, ele contou que conhecia Rogério anos antes, pois ele sempre rodou pela região da Barra da Tijuca. Ele lembrou que ele e o amigo estavam juntos 20 minutos antes do acidente:
"Rogério era um excelente profissional, ele sempre trabalhou na área da Barra, sempre rodou ali, há muitos anos. Era uma pessoa boa, vieram ao enterro taxistas de outras cooperativas, pois todo mundo considerava ele. As pessoas até fizeram até vaquinha e Pix para ajudar a família, pessoas que nem trabalhavam na mesma cooperativa, mas quiseram ajudar, pois ele era muito querido. No dia do acidente, todo mundo foi ao local", disse Marco.
A ex-mulher de Rogério, Fabiana Guimarães, de 42 anos, secretária, falou chorando sobre o taxista: 
"Falar do Rogério para mim é ao mesmo tempo fácil, mas muito difícil, porque ele foi um dos grandes amores da minha vida. Ele era um homem incrível, um pai maravilhoso, não deixava faltar nada para o filho dele. Ele era um profissional que dispensa comentários, um amigo, parceiro, querido por todos. Parceirão de relacionamento e de vida. Com o Rogério eu aprendi a amar, perdoar, ceder e que a gente não precisa de muito para viver, mas apenas do básico para ter uma vida digna e com muito amor".
Fabiana disse que a família buscará por justiça: "Está todo mundo muito chocado com o fato, por ele não ter tido a possibilidade de lutar pela vida. Pois uma pessoa que pega um carro e desce a Linha Amarela numa curva fechada em alta velocidade, não posso nunca imaginar que esse cara não teve a intenção de matar. Porque um homem que desce a linha amarela naquela velocidade com o carro cheio de garrafa de bebida e outras coisas e diz em um depoimento que não teve a intenção de matar, então ele teve a intenção de quê? Ele vai para uma delegacia, depôs, sai pela porta da frente e a gente enterra um pai, um trabalhador, um amigo, um homem que batalha pelo seu pão de cada dia. Acabei de enterrar esse homem que se chama Rogério Maciel Gomes. Será que ele está conseguindo dormir sabendo que matou um trabalhador e outra pessoa está no hospital correndo sério risco de perder a sua vida? Ele estraçalhou duas famílias, duas vidas. Esse homem não pode sair impune. Nós vamos lutar para que haja justiça", afirmou a ex-mulher do taxista.
"O que fica na realidade é a tristeza e a saudade. Vivo nos nossos corações ele permanecerá para sempre. A única diferença é que não teremos mais a matéria, teremos só a lembrança", finalizou extremamente comovida.
Rogério foi morto quando fazia uma corrida na Avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca. Ele foi surpreendido por um jipe desgovernado que cruzou o canteiro da avenida e invadiu a pista na contramão. Ainda no ar, em alta velocidade, o carro se chocou contra o táxi, batendo de frente. A colisão aconteceu na pista sentido Linha Amarela, mas o veículo estava indo em direção à praia.
Rogério foi encontrado pelos bombeiros já sem vida. O passageiro do táxi, Eduardo Oliveira, estava sentado no banco traseiro e está internado em estado gravíssimo no Hospital Lourenço Jorge, também na Zona Oeste.
Segundo a Polícia Civil, não foi necessário que o motorista, que não teve a identidade revelada, fizesse teste de alcoolemia, pois não apresentou sinais de embriaguez. Ele passou por um exame clínico neuro psiquiátrico. O homem não ficou ferido no acidente.
O taxista, que atuava na cooperativa Zero Um, havia pego um passageiro no Shopping Via Parque, na Barra da Tijuca, momentos antes do acidente. Segundo a empresa de táxis, Rogério era associado a companhia há pouco mais de quatro anos.
Rogério não era casado e deixa um filho e um neto. O taxista morava sozinho.

Ainda de acordo com a Civil, o motorista envolvido na colisão foi ouvido e a investigação está em andamento para esclarecimento dos fatos.