A entregadora Viviane Teixeira deixou a 15ª DP chorando após se entregar; ela tinha um mandado de prisão em aberto pelo crime de tráfico de drogasPedro Ivo / Agência O Dia
Entregadora agredida por ex-atleta ficará em presídio de Benfica após cumprimento de mandado de prisão
Viviane Teixeira responde a um processo sobre o crime de tráfico de drogas em São Paulo
Rio - A entregadora Viviane Maria de Souza Teixeira será encaminhada para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, com o intuito de cumprir um mandado de prisão em aberto pelo crime de tráfico de drogas cometido em 2016, em São Paulo. Ela prestou depoimento na tarde desta segunda-feira (24) sobre o caso e também sobre as agressões que sofreu da ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, no domingo de Páscoa.
Viviane deixou a 15ª DP (Gávea) chorando e cabisbaixa. Ela foi levada para a 14ª DP (Leblon) para prosseguimento dos trâmites burocráticos porque na primeira delegacia houve um problema no sistema interno. Antes da ida ao presídio, ela irá realizar exames de corpo delito no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio.
Ao DIA, a advogada Prisciany Sousa, que representa a entregadora, explicou que Viviane não sabia do mandado de prisão em aberto. O processo começou porque a mulher descumpriu as medidas cautelares impostas pela Justiça de São Paulo já que não avisou que viria para o Rio. Segundo a advogada, a entregadora não tinha ciência que precisava avisar sobre a mudança.
"Como a Viviane tinha esse mandado de prisão pendente, que depois a defesa descobriu, ela de forma voluntária quis se apresentar na delegacia para, justamente nesse processo que corre na Justiça de São Paulo, ela fazer ali a sua defesa acautelada, haja vista que há esse mandado de prisão. Lembrando que o mandado de prisão é por descumprimento de restritiva, ou seja, ainda não tem uma sentença condenatória. O processo está no início da instrução probatória. O mandado se deu justamente pelo descumprimento da cautelar porque Viviane não sabia que não podia se ausentar da Comarca e veio para o Rio de Janeiro, na qual já está aqui há sete anos. Ela não estava foragida. Ela veio recomeçar a vida dela com o filho dela e nesses sete anos sempre teve uma conduta ilibada, trabalhadora honesta, tanto é que ela sofreu as agressões justamente na prática laborativa. Foi uma surpresa também para Viviane e quando ela soube decidiu de forma voluntária se entregar à Justiça", disse a advogada.
Prisciany ainda completou que Viviane ficará na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, até a realização da sua audiência de custódia. A defesa acrescentou que houve um pedido de revogação da sua prisão preventiva justificando que a entregadora não tinha conhecimento sobre o que deveria fazer em relação ao mandado de prisão em aberto. A advogada também deseja que Viviane cumpra sua pena no Rio caso seja condenada.
"Eu não sei até quanto tempo ela ficará em Benfica porque lá é um presídio de triagem, mas ela passará por uma audiência de custódia que é somente para ver se o mandado é válido. Nada se diz na questão da liberdade dela, uma vez que é só mesmo para adentrar a situação do mandado de prisão, que é totalmente legal. A intenção é que ela cumpra aqui. Nós vamos trabalhar para cumprir aqui no Rio. Houve um pedido de revogação da prisão preventiva acumulado com uma justificativa. Apresentamos nos autos o porque que ela descumpriu a medida cautelar. Por falta de orientação, de ciência, por ser uma pessoa leiga. Nós não só pedimos a revogação da prisão preventiva como justificamos o porque do descumprimento da medida cautelar, que foi vir para o Rio sem avisar à autoridade policial. Apenas isso que ensejou a prisão preventiva dela", completou a advogada.
O mandado contra a entregadora é na cidade de Laranjal Paulista, no interior de São Paulo. O documento está disponível no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Agressões sofridas levam à representação criminal
Vídeos que circularam pelas redes sociais durante o domingo de Páscoa mostraram Viviane e a ex-jogadora Sandra Mathias discutindo. Em seguida, ex-atleta, que está sendo investigada por lesão corporal e injúria por preconceito contra o entregador Max Ângelo, morde a perna de Viviane, enquanto ela se segura em uma grade.
Viviane consegue escapar e é perseguida por Sandra. Ela ainda não havia prestado depoimento no inquérito por falta de condições psicológicas. Nesta segunda-feira (24), ela depôs sobre o assunto e representou criminalmente a atleta pelos crimes de homofobia, injúria e lesão corporal.
"A Viviane foi vítima das agressões na ocorrência envolvendo a investigada, a ex-jogadora de vôlei como todos sabem. Ela estava com o psicológico muito abalado. Tudo isso já foi relatado e já tinha, anteriormente, sido apresentado na delegacia esse laudo psicológico dela. Nos colocamos a disposição hoje da delegacia para prestar todos os depoimentos. Ela quis representar criminalmente a investigada pelos crimes de homofobia, injúria e lesão corporal. Crime de dano também e até por uma perseguição porque levamos fatos novos e provas novas, inclusive testemunhas novas que ainda serão ouvidas. Agora a gente vai trabalhar em cima desse processo de São Paulo também, mas não podemos apagar todo o transtorno que ela sofreu aqui. Nessa questão da Sandra, ela é vítima e hoje foram juntadas provas novas nos autos, foram feitos novos requerimentos e a investigação continua", comentou a defesa.
O crime aconteceu depois que Sandra teria se revoltado com a presença de entregadores sentados na porta de uma loja, na Estrada da Gávea, próximo ao número 847, em São Conrado. Segundo os trabalhadores, a mulher passeava com o cachorro e, ao se deparar com o grupo, cuspiu no chão e seguiu andando com animal. Ao voltar, Viviane questionou o motivo da raiva da ex-atleta de vôlei, que se alterou e passou a ofender e agredir os entregadores.
Max Ângelo dos Santos, uma das vítimas, foi chamado de marginal e preto. Sandra também o agrediu com socos e com a guia de uma coleira de cachorro.
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