Feridos foram levados para o Hospital Federal de Bonsucesso Divulgação

O Relatório Geral de Visitas dos hospitais federais do Rio, feito pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, aponta um quadro caótico na saúde do Rio de Janeiro. O documento, ao qual O DIA teve acesso, mostra um déficit de quase 10 mil profissionais de saúde, além de suspeitas de fraude para maquiar os números de leitos ocupados e instalações físicas em estado precário. 
Após vistoriar nove unidades hospitalares (Bonsucesso, Cardoso Fontes, Lagoa, Ipanema, Andaraí, Servidores do Estado, Instituto Nacional de Cardiologia, Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia e Instituto Nacional de Câncer), os parlamentares concluíram que as condições de atendimento à população são precárias e preocupantes.
"Enquanto muitos pacientes aguardam na fila de regulação, as unidades encontram-se em condições estruturais precárias, com grande déficit de RH, consequentemente, operando muito abaixo da capacidade. Essas condições prejudicam a qualidade do atendimento e aumentam muito o tempo de espera na fila do SUS. Há urgência na tomada de medidas cabíveis para o melhor atendimento à população", informa um trecho do relatório.
Um exemplo do estado de abandono das unidades foi verificado no Hospital do Andaraí, na Zona Norte. Os deputados relataram que encontraram a unidade com pouquíssimos profissionais e que uma paciente teve o óbito declarado duas horas depois da morte, justamente quando os deputados faziam a vistoria.
"O prédio está em destroços, completamente impróprio para o atendimento, com obras paradas, com poeira, sujeira e vetores de doenças", diz um trecho do documento, que ressalta ainda que a emergência, o centro de atendimento de queimados e a cozinha estão inoperantes.
No Hospital da Lagoa (HFL), os deputados acharam indícios de fraude para burlar o sistema, com registros de 'pacientes fantasmas'. De acordo com o relatório, o número de leitos não corresponde ao que consta no censo hospitalar. Dos 92 leitos, 78% deles estariam ocupados de acordo com o sistema, mas na verdade a ocupação é de apenas 41%.
"A gravidade do fato apurado no HFL exige elucidação imediata, uma vez que pode se tratar de suposta fraude de ocupação hospitalar", diz um trecho do relatório.

As informações levantadas pelos parlamentares serão encaminhadas para a Controladoria Geral da União (CGU), para o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Rio (MPRJ).