Kauã foi atropelado ao sair da escola, que fica às margens da RJ-104, em ItaboraíRede Social

Rio - O corpo do menino Kauã Ferreira Martins, de 11 anos, atropelado em frente à escola onde estudava na RJ-104, Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, foi enterrado nesta sexta-feira (28), no Cemitério São João Batista, no mesmo município. As aulas do colégio Escola Municipal Roberta Maria Sodré Macedo, que fica às margens da rodovia, no bairro Apollo II, estão suspensas desde quinta-feira (27), um dia depois do acidente que ocorreu na última quarta-feira (26).
De acordo com a família, o menino era cativante, inteligente, extrovertido e adorava ajudar as pessoas. A irmã do padrasto de Kauã, Alessandra Nascimento Lidavim, 40 anos, que o considerava como sobrinho, descreveu como era o menino. “Um garoto extrovertido, que gostava de chamar atenção das pessoas, dos amigos e de quem estava em sua volta o tempo todo. Ele era brincalhão demais, carinhoso, muito inteligente, cativava as pessoas e queria ajudar o tempo todo. Ele era uma criança bem elétrica, levada e era de opinião própria, o que ele queria era aquilo e tinha que acontecer”, contou enquanto segurava o choro.

Alessandra comentou ainda sobre a saudade que fica e disse que Kauã deixou um legado devido a sua determinação. “A saudade que ele vai deixar é muita, ele era uma criança que deixou o legado de que nós devemos lutar pelo que queremos, sem deixar nada e nem ninguém influenciar nas nossas escolhas. Ele não se importava com o que as pessoas iriam dizer ou pensar, ele era original”, lamentou.

Kauã chegou a ser socorrido e levado em estado grave para o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê, em São Gonçalo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada de quinta (27). No momento do acidente, ele estava saindo da escola com um adulto e os dois irmãos, quando foi atingido por um carro de passeio.

A tia de consideração relatou também a relação dele com a família e disse que a mãe do garoto está sem chão. “Ele era muito amigo dos pais, a mãe principalmente, ela é uma guerreira, sempre foi um pai e mãe exemplar pra ele, e meu irmão como padrasto cuidou dele e teve ele como um filho. Ele era um irmão que cuidava, que brigava com os irmãos pelos erros deles, era muito família e a mãe era muito agarrada com ele e agora ela está sem chão. Ele era aquele que quando alguém ficava triste ele chegava e alegrava, ele chamava atenção de todos pra sempre tirar o sorriso da boca de qualquer um. Cada pedacinho daquela casa lembra dele”, explicou.

Sobre os irmãos, que estavam com ele no momento do atropelamento, ela contou que eles ainda estão muito abalados. “Desde o momento que aconteceu o fato, os irmãos gritam pelo nome dele, quando aconteceu os irmão gritaram por ele, mas ele não estava mais aqui entre nós”, lamentou.

Após o caso, o colégio emitiu uma nota de pesar ao suspender as aulas nesta quinta (27) e sexta (28). “É com imensa dor que informamos o falecimento do nosso aluno Kauã Ferreira Martins, de 11 anos, vítima de atropelamento na RJ- 104. Nossos pêsames aos familiares e amigos! Nosso anjinho já está nos braços do Senhor!”, disse em comunicado.

Além disso, professoras da instituição também lamentaram a morte precoce de Kauã. “Descanse em paz! Seu lindo sorriso ficará para sempre em nossos corações. Que o Senhor conforte todos os familiares! Meu coração está quebradinho de tanta dor”, comentou uma pedagoga.

“Que dor! Meu amiguinho, vou sentir muita falta do seu abraço, seu sorriso, sua energia e inteligência. Sem palavras para tentar consolar os pais. Apenas o tempo para amenizar essa dor”, disse outra.
O local onde o menino atravessou não possui nenhuma sinalização ou faixa de pedestres. A passarela mais próxima fica há cerca de 1km de distância. Procurada, a Polícia Civil informou que o motorista e testemunhas já foram ouvidas na 71ª DP (Itaboraí). As investigações estão em andamento para esclarecer o caso. 
Perigos na Rodovia

Com o caso, pais e responsáveis de alunos reclamaram sobre a falta de uma passagem segura em frente à escola que fica às margens da pista e cobraram da prefeitura da cidade algum posicionamento.“Como é que constrói uma escola na beirada de uma pista que não existe nenhuma passarela para acesso das crianças de um lado para o outro? É muito triste mesmo, que Deus conforte a família”, diz um comentário.
“Prefeito coloca uma passarela em frente a essa escola, um radar ou pelo menos um sinal com faixa de pedestre, isso não pode continuar assim”, disse outro.
Ainda nas redes sociais, Guilherme Delaroli (PL), deputado estadual e irmão do prefeito de Itaboraí Marcelo Delaroli, informou que protocolou um pedido na Alerj para construção de uma passarela no local.

“O prefeito me ligou eu estava na Alerj, logo liguei pro presidente do DER, para o secretário de cidades e acabei de protocolar uma indicação legislativa para construir uma passarela no local, inserir um redutor de velocidade e uma sinalização horizontal e vertical, não só nessa escola, mas em todas as margens na rodovia. Sei que não vamos trazer o jovem Kauã de volta, mas a gente vai fazer com que não aconteça mais esse tipo de desastre”, disse.

Procurado, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER-RJ) informou que o documento feito pelo deputado ainda não chegou ao órgão. O órgão ressaltou que, a partir da chegada, será feita uma avaliação da viabilidade técnica para a obra.