Bruno Perrone tem uma filha adolescente com a vítima Hélen BittencourtMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - A advogada Hélen Bittencourt Perrone, que morreu na madrugada de sábado (29) enquanto voltava de uma festa de 15 anos na Avenida Brasil é descrita como uma supermãe, amiga e querida por todas. Profundamente emocionado, o viúvo Bruno Perrone expressou poucas palavras no momento difícil de reconhecimento do corpo no IML de Campo Grande. "Uma pessoa especial. Vai fazer muita falta", emocionou-se ao afirmar que o casal tem uma filha de 14 anos.
O enterro aconteceu no fim da tarde deste domingo (30), no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, Zona Oeste do Rio. 
Formada em Direito, Hélen cuidava da casa e da família em Sepetiba. A advogada preferia reunir amigos em casa a sair. "Vivia pela filha", conta um amigo da família. Ela retornava com o marido, a enteada, dois amigos e uma cuidadora de um aniversário na Vila Valqueire, quando foi atingida por uma bala de fuzil. O Fiat Dobló, carro de sete lugares em que o grupo estava, ficou com as marcas de disparos, segundo a família, e será periciado pela Polícia Civil.
A Delegacia de Homicídios da Capital ficará responsável pelo caso e vai apurar de onde partiu o tiro que matou Hélen. Familiares afirmaram que policiais militares atiraram diversas vezes, atingindo o carro. O caso foi registrado inicialmente na 36ª DP (Santa Cruz) e será encaminhado para a DH.
A ocorrência aconteceu durante uma perseguição de policiais militares a criminosos que haviam roubado um carro. A Polícia Militar instaurou um procedimento interno para apurar o caso. Segundo a família, Hélen morreu com um tiro de fuzil. A nota da Polícia Militar afirma que foi encontrada uma pistola no carro roubado pelos bandidos. 
O viúvo Bruno Perroni contou que uma viatura policial passou atirando diversas vezes na altura de Santa Cruz. "Ouvimos um barulho enorme no carro. Ela gritou. Estávamos na pista da direita. Passados cerca de cinco segundos um carro passou em velocidade. Um carro da polícia veio atrás efetuando um monte de disparos. A gente foi correndo para o Hospital Pedro II", relatou.
Hélen estava na parte de trás do carro, quando policiais militares ultrapassaram em alta velocidade. Agentes do Batalhão Especial de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) afirmaram que precisaram revidar criminosos, que fugiam após um roubo de veículo na Avenida Brasil. De acordo com o comando da unidade, os policiais perseguiam os suspeitos no sentido da Rodovia Rio-Santos.
Segundo a PM, os policiais foram informados que uma vítima de disparo de arma de fogo havia dado entrada no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. A direção do Hospital Municipal Pedro II informou que Hélen deu entrada com quadro muito grave por lesão por arma de fogo que comprometeu múltiplos órgãos. "A paciente foi prontamente atendida na sala vermelha da unidade e conduzida ao centro cirúrgico, onde passou por procedimento cirúrgico complexo de cerca de 4h de duração e que envolveu cirurgiões geral e vascular. Após a cirurgia, Helen ainda apresentava quadro muito grave e instável e foi reconduzida para sala vermelha - setor de tratamento intensivo, assim como o CTI", disse em nota o hospital.

A direção do HMPII frisou que foi disponibilizada vaga em CTI, mas a paciente não apresentava condições para transferência de leito. A instabilidade do seu quadro também impossibilitava a transferência para outro hospital, já que a família relatou que a paciente tinha plano de saúde.
No IML, o viúvo Bruno Perroni elogiou o atendimento na unidade municipal de saúde. "Eles foram muito bons desde quando tiraram ela do carro. Já tinha uma equipe de cirurgiões e ela só coseguiu sobreviver até a tarde por isso. Mas, infelizmente, [foi baleada com] um tiro de fuzil, confirmado com o pessoal de lá", lamentou.
O carro com disparos será periciado pela Polícia Civil. A PM ressaltou que o comando do BPVE instaurou um procedimento apuratório interno para analisar se o tiro que atingiu a vítima partiu dos policiais responsáveis pela ocorrência.
Prisão de suspeitos do roubo
Durante a perseguição, houve confronto, os criminosos bateram o carro e fugiram por uma área de mata, conforme disse a corporação. No interior do veículo abandonado foram encontrados uma pistola, dois carregadores, um porta carregador, um relógio, um aparelho de telefone celular, uma carteira e cartões de banco. Uma dupla, suspeita de pertencer ao grupo que roubou o automóvel envolvido na perseguição foi presa na manhã de sábado (29) em uma região de mata da Rodovia Rio-Santos.
A prisão foi realizada por agentes do 33º BPM (Angra dos Reis) que realizaram buscas pela região. Os presos foram levados para a 165ª DP (Mangaratiba), onde o caso foi registrado.