Kailany Cristina (esquerda) e Lohan Samuel (direita) morreram após serem baleados na porta de casa no Complexo do ChapadãoReprodução

Rio - "Os caras matam a troco de nada. Estava todo mundo na festa, no portão de casa. Chegaram atirando e mataram. Uma covardia". Essas são as palavras de um familiar de Kailany Vitória Fernandes Balduíno, de 18 anos, e de Lohan Samuel Nunes Dutra, 11, mortos a tiros na manhã deste domingo (30) no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio. As vítimas eram irmãos e foram baleadas após uma festa na comunidade.
O crime teria acontecido por causa de uma guerra entre facções rivais. A região tem sido alvo de confrontos entre traficantes do Complexo da Pedreira, dominado pelo Terceiro Comando Puro (TCP), e do Complexo do Chapadão, do Comando Vermelho (CV). Por volta das 4h, criminosos do TCP teriam ido a um dos acessos da comunidade vizinha para realizar o ataque.
Ao DIA, o parente, que preferiu não ser identificado, contou que a jovem e o menino foram mortos depois que bandidos em uma moto passaram atirando pelo local onde as vítimas estavam, logo após o fim de uma festividade. 
"Aqui é guerra de facção. Os caras matam a troco de nada. Estava todo mundo na festa, no portão de casa. Chegaram atirando e mataram. Covardia. Aqui a realidade é outra. Só vai ser mais uma. Nada acontece. A gente é pobre e mora na favela. Triste fica pra gente", contou.
Segundo o familiar, a jovem era uma pessoa trabalhadora, que fazia de tudo para sustentar um filho de apenas 2 anos. Já sobre Lohan Samuel, o parente, emocionado, não tinha palavras para defini-lo.
"A Kailany era trabalhadora demais. Uma guerreira ao extremo. Foi embora e deixou um filho de 2 anos. A garota trabalhava muito. Trabalhava em tudo. Chapeira, na cozinha, fazendo comida. O que chamasse ela fazia só pra sustentar o filho. E o Samuel, o que falar de uma criança?", completou.
Kailany foi baleada por quatro disparos e seu irmão foi atingido na barriga. Ambos foram encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Costa Barros, mas morreram antes de chegarem na unidade.
O ataque também deixou Erika Cristina Fernandes Monteiro, mãe de Kailany, ferida. A mulher, que considerava Lohan Samuel como um filho, foi baleada na perna e recebeu atendimento no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. A vítima teve alta ainda na manhã deste domingo (30).
Segundo a Polícia Civil, a morte dos irmãos está sendo investigada pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). O caso de Erika foi registrado na 22ª DP (Penha) e será encaminhado à 39ª DP (Pavuna). A instituição destacou que as diligências estão em andamento para apurar a autoria dos disparos e esclarecer todos os fatos.
Ainda não há informações sobre o sepultamento das vítimas.