Motorista, suspeito de intolerância religiosa, arrancou com o carro depois de não deixar família vestida com trajes do Candomblé entrar em seu veículoReprodução

Rio - A família que acusa um motorista de aplicativo de ter praticado intolerância religiosa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, vai depor na tarde desta terça-feira (2). A informação foi confirmada pela delegada Rita Salim, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). O caso aconteceu no sábado passado (29) e, de acordo com a empresária Tais da Silva Fraga, que estava acompanhada de suas duas filhas, de 8 e 13 anos, o homem teria se recusado a levar duas mulheres e duas crianças porque elas estavam vestidas com roupas do candomblé.
Ao DIA, Taís disse que o motorista foi extremamente grosseiro e não deixou que a família entrasse no veículo. Uma das filhas da empresária já estava com um dos pés dentro do carro quando o homem a impediu de embarcar.
"Nós estávamos indo para uma cerimônia vestidas com as roupas de santo. Eu, minhas filhas e a minha sogra. Quando o Uber chegou, ele viu a minha sogra, que não estava com a roupa de santo. Ela já estava embarcando no carro. Quando ele olhou para o lado esquerdo, que era o lado em que nós estávamos, ele se recusou a levar a gente e se recusou a deixar a gente embarcar. Minha filha menor já estava com o pé dentro para o embarque. Foi muito constrangedor", disse.
A ocorrência foi registrada na 59ª DP (Duque de Caxias) e encaminhada à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que investiga o crime de intolerância religiosa. Em nota, a Uber afirmou que não tolera discriminação e a conta do suspeito está suspensa enquanto o caso está sendo investigado.
"A Uber não tolera qualquer forma de discriminação. Em casos dessa natureza, a empresa encoraja a denúncia tanto pelo próprio aplicativo quanto às autoridades competentes e se coloca à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei. A conta do motorista parceiro já foi temporariamente desativada, enquanto aguardamos pelas apurações", informou a empresa, que também reafirmou seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o aplicativo.